Investigações recentes indicam que o tratamento do cancro da próstata pode ser mais eficaz e menos invasivo ao focar-se apenas na lesão mais agressiva. Este método pode evitar a necessidade de cirurgias radicais e minimizar efeitos secundários como incontinência urinária e disfunção sexual. A eletroporação irreversível surge como uma técnica promissora, permitindo eliminar o tumor preservando o tecido saudável da próstata.
Investigações recentes indicam que o tratamento do cancro da próstata pode ser mais eficaz e menos invasivo ao focar-se apenas na lesão mais agressiva. Este método pode evitar a necessidade de cirurgias radicais e minimizar efeitos secundários como incontinência urinária e disfunção sexual. A eletroporação irreversível surge como uma técnica promissora, permitindo eliminar o tumor preservando o tecido saudável da próstata.
O cancro da próstata tem sido tradicionalmente tratado com abordagens radicais, como a remoção total da próstata ou radioterapia, devido à crença de que a doença é sempre multifocal. No entanto, estudos recentes indicam que, em muitos casos, tratar apenas a lesão mais agressiva pode ser suficiente para controlar o cancro, evitando sequelas significativas para os doentes.
Em comunicado, o Instituto de Terapia Focal da Próstata revela que segundo análises de peças de prostatectomia realizadas ao longo dos anos, cerca de 25% dos casos de cancro da próstata são unifocais, ou seja, apresentam apenas uma lesão significativa. Além disso, investigações mostram que a maioria das lesões secundárias tem um grau de agressividade muito baixo, sendo consideradas de baixo risco de progressão. Esta evidência abriu caminho para novas estratégias terapêuticas que se concentram na eliminação da lesão mais perigosa, preservando o tecido saudável e reduzindo os impactos no funcionamento urinário e sexual.
Um estudo publicado na revista Nature, em 2009, trouxe um novo entendimento sobre a progressão do cancro da próstata, ao sugerir que as metástases podem originar-se de uma única célula cancerígena agressiva, presente na lesão principal. Esta hipótese, conhecida como teoria da lesão-índice, reforça a ideia de que tratar a lesão predominante pode ser suficiente para impedir a disseminação do tumor.
Dentro deste contexto, a eletroporação irreversível tem ganho destaque como uma opção eficaz e menos invasiva. Este procedimento utiliza pulsos elétricos de alta intensidade para destruir seletivamente as células cancerígenas, sem danificar os tecidos saudáveis circundantes. A tecnologia permite um controlo em tempo real do tratamento, garantindo a aplicação precisa do procedimento e reduzindo riscos de complicações.
De acordo com um estudo que analisou 100 amostras de próstata removidas cirurgicamente, 51% dos casos poderiam ter sido tratados de forma focal, sem necessidade de prostatectomia radical. No entanto, apesar das vantagens aparentes, a comunidade científica ainda aguarda estudos clínicos de longo prazo para consolidar a eficácia desta abordagem.
A Associação Europeia de Urologia considera a terapia focal uma modalidade ainda em investigação, devido à falta de ensaios clínicos randomizados e de protocolos padronizados de acompanhamento. Contudo, muitos especialistas argumentam que, dada a procura crescente por opções menos invasivas, é essencial que os avanços tecnológicos e os dados clínicos já disponíveis sejam tidos em conta na escolha do tratamento.
Segundo o médico Sanches Magalhães, pioneiro na utilização da eletroporação irreversível em Portugal, as perspetivas futuras apontam para uma maior personalização do tratamento, com o auxílio de inteligência artificial e biomarcadores genéticos. Apesar disso, ainda existem desafios a ultrapassar, como a acessibilidade das novas tecnologias, a necessidade de formação especializada para os profissionais de saúde e o investimento contínuo em investigação clínica.
O Instituto de Terapia Focal da Próstata, sediado no Porto, destaca a importância da deteção precoce e da inovação terapêutica, reforçando que a combinação de diagnóstico avançado e técnicas minimamente invasivas pode proporcionar melhores resultados clínicos e qualidade de vida para os doentes.