Abílio Sousa foi funcionário das Finanças durante 30 anos, tendo chegado a Chefe de Divisão do IRC dos Serviços Centrais de Lisboa e é, desde 2012, o Diretor Geral da DSF – Formação e Assessoria Fiscal, uma empresa maiata que tem apresentado um considerável crescimento e que conta com aproximadamente 1000 clientes, no somatório das duas áreas de negócio. Economista de formação, é também Professor Universitário, lecionando na Porto Business School.
Ao Notícias Maia alertou para a necessidade cada vez maior, dos negócios terem aconselhamento fiscal, ainda mais na crescente digitalização da sociedade.
Notícias Maia (NM): A DSF é uma empresa alicerçada em muita experiência, mas recente. Como explica o seu sucesso?
Abílio Sousa (AS): Sabe que a matéria fiscal é muito complexa e as empresas encontram necessidade em serem aconselhados por especialistas. Este ano, por exemplo, as pessoas estão bastante preocupadas com o Orçamento de Estado e respetivas alterações que vai introduzir, sendo que, por causa das eleições, o documento sai mais tarde do que o habitual. A DSF nasce desta necessidade, da importância de estar informado para conseguir colher os possíveis benefícios fiscais e também da vontade em não cometer erros.
NM: O que é que distingue a DSF?
AS: Nós fazemos uma assessoria fiscal personalizada. Esse é mesmo um dos nossos slogans. Tentamos também fugir do padrão tradicional da formação profissional. Além das novidades do Orçamento, estudamos as alterações que têm influência na vida prática do cliente, na influência que a fiscalidade tem nas suas decisões. No fundo estudamos as consequências, positivas e negativas, para cada negócio em específico.
Algumas multinacionais aproximaram-se de nós porque tinham ideia de que existia um benefício fiscal, mas não sabiam como utilizá-lo. O traço que nos distingue é, sem dúvida, o atendimento mais personalizado e focado na atividade do cliente.
NM: Trabalhou durante 30 anos na máquina fiscal. Diria que isso é importante para a atividade que exerce no presente?
AS: A minha carreira desempenha um papel essencial para o que podemos oferecer agora, eu acabo por ter a perceção do que é a máquina fiscal e daquilo que as empresas precisam. Já estive inclusivamente no papel de legislador, porque me pediram para colaborar e corrigir um ou outro detalhe do Código do IRC.
A AT é uma enorme escola, mas infelizmente tenho de confessar um certo desencanto neste momento. Sabe, quando entrei para a AT em 1982, comecei como estagiário e depois passei por variadíssimos serviços até chegar aos serviços centrais. Contactei com inúmeras pessoas tendo terminado a minha carreira como Chefe de Divisão do IRC dos serviços centrais em Lisboa.
Posso dizer que eu sou do tempo em a AT tinha um rosto. Havia até uma campanha que dizia exatamente isso, que a “AT tem um rosto” e hoje não tem. Agora chegamos mesmo a ver informação publicada no Portal das Finanças, que contém um erro, e que é substituída sem que seja anunciada qualquer correção, ou sem dar sequer qualquer explicação – isto não pode ser. Os erros podem acontecer, nós não somos máquinas, o que não pode haver é dois pesos e duas medidas. Ter um rosto é assumir o erro e explicar porque aconteceu.
Do ponto de vista fiscal as alterações são diárias. A nossa legislação fiscal é terrível. Há uma enorme quantidade, quase diária, de esclarecimentos e informações vinculativas que os contribuintes, naturalmente, não têm tempo para ler. Ter consciência de como funciona a máquina fiscal é uma grande mais valia.
Aliás, uma das nossas primeiras medidas quando constituímos a empresa, foi elaborar informativos fiscais, mas de uma forma leve, descomplicada e extremamente sucinta.
NM: Acha que a AT em Portugal tem demasiado poder?
AS: Tem. Sem dúvida nenhuma. A AT precisa de se abrir mais ao exterior, falta ouvir mais as empresas e precisa de sangue novo. Muitas vezes a legislação não compreende os efeitos reais, os custos que determinada medida vai ter numa empresa. A generalidade da cultura fiscal da população portuguesa também é muito baixa. A maioria da população não sabe preencher um IRS e isto acontece também porque o próprio IRS é extremamente complicado, ainda mais quando as alterações acontecem com tanta frequência.
NM: E essa também é uma grande mais valia do vosso trabalho…
AS: Sim, mas as nossas mais valias podem ser avaliadas em várias áreas. Já dei o exemplo dos benefícios fiscais, ao nível de empresas que pretendem contratar pessoas, aumentar capital ou fazer investimentos produtivos. Porque os benefícios fiscais são um potencial de crescimento da empresa. Um assessor fiscal pode, pelos seus aconselhamentos, gerar a libertação de cash flow para novos investimentos.
NM: Que outras mais valias tem o vosso trabalho para uma empresa?
AS: Importa sublinhar que nós não estamos a fazer com que as empresas paguem menos impostos só porque sim. Na maioria dos casos estamos a fazer com que os contribuintes façam as coisas certas e evitem coimas.
Por exemplo: o paradigma mudou e hoje a nossa economia é muito internacional.
Hoje posso ter um cliente de pequena dimensão com problemas internacionais, basta abrir um Alojamento Local. O empresário abre um Alojamento Local, está cheio de turistas, fatura e está todo contente. De repente entra lá a AT, faz três perguntas e começam os problemas. Habitualmente o primeiro problema é logo o seguinte: registou-se na Booking, mas tem o certificado da Booking? Fez retenções à Booking? Sabe que tem de enviar uma Modelo 30 à AT? Não faz a mínima ideia. Está a ver, muito do nosso trabalho tem a ver com isto, fazer as coisas bem, fazer as coisas certas.
Aliás o negócio do Alojamento Local é um exemplo de atividade que eu não aconselho a abrir sem falar connosco.
Outra vertente do nosso trabalho, na assessoria fiscal, que permite poupar dinheiro nos impostos, e principalmente com esta nova vaga de empresários que está sempre a pensar em novos investimentos, é potenciar o crescimento dessas empresas. O dinheiro que poupam em impostos, é dinheiro que lhes permite investir mais, contratar mais pessoas. Temos clientes que começaram com 4 colaboradores e hoje têm 30. Deixa-me muito orgulhoso saber que contribuí, que ajudei nesse resultado.
NM: Sente que hoje em dia não se deve ir a lado nenhum sem levar o fiscalista?
AS: Os empresários têm de consciencializar de uma série de coisas que não podem fazer, sobre pena de mais tarde ou mais cedo virem a ter problemas fiscais. Alguém vai acabar por lhes bater à porta. Neste momento a parte contabilística e fiscal está a atravessar um momento de transição. Com esta era digital há um conjunto de automatismos que vão ser implementados e que vão fornecer muito mais informação à AT, o que vai permitir ter acesso a um detalhe que hoje não tem e detetar mais rapidamente situações e comportamentos menos claros. Essa é também uma parte do nosso trabalho que realizamos já em 2019: consciencializar sobre o que vai mudar e da importância de adaptação.
NM: Objetivos para o futuro?
AS: Em primeiro lugar eu nunca pensei que este projeto fosse chegar à dimensão onde está hoje. Estamos a falar de uma empresa cujo volume de negócios vai crescer mais de 30% em 2019 e uma das coisas que mais prazer me dá, é saber que estamos a realizar trabalho produtivo, que é um fator essencial para mim. Pretendemos manter o projeto com crescimento sustentado e dotar a nossa equipa com novas competências, com uma componente digital mais elevada.
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