No próximo domingo, 26 de maio, seremos chamados a participar nas eleições para o Parlamento Europeu. No final do dia, e apurados os resultados, ficaremos a conhecer os 21 eurodeputados que nos representarão no quinquénio 2019-2024.
O “processo europeu” (expressão usada por Durão Barroso e com a qual me identifico inteiramente) não está concluído. Muito pelo contrário! É capaz das maiores mutações, adaptações e avanços que alguma vez poderíamos imaginar. Aliás, esse deve ser o grande segredo para a longevidade da União Europeia.
OK! Esta conversa é muito bonita, mas não tem alcançado os resultados pretendidos.
Como é que eu explico à minha geração – aquela em que só 19% dos jovens participaram ativamente nas últimas eleições para o Parlamento Europeu – o que a União Europeia já fez por nós e porque devemos defender este projeto?
Bem, vou falar-vos dos meus avós (sim, dos meus avós!).
O meu Avô Bessa foi militar no Exército e na Guarda Nacional Republicana. Enquanto escrevo este artigo observo as fotos que guardo, com carinho e orgulho, dele e desses tempos já tão longínquos. Se algum dia, aos 24 anos de idade, dissessem ao meu avô que 28 países da Europa formariam uma União económica e política e concretizariam o mais longo período de paz do “velho continente”, ele diria que era uma grande tanga!
O meu Avô Carvalho era maquinista nos Caminhos de Ferro Portugueses (hoje CP – Comboios de Portugal) e fazia a Linha do Minho. Recordo com saudade as conversas entre o meu pai e o meu avô sobre as paragens obrigatórias na fronteira entre a cidade raiana de Valença e a Galiza, bem como dos bens trazidos à socapa para Portugal. Se algum dia, aos 24 anos de idade, dissessem ao meu avô que atravessaria de Portugal para Espanha sem parar numa fronteira, que poderia circular bens e capitais livremente e que os jovens europeus de 18 anos poderiam fazer um InterRail totalmente gratuito, ele diria que era uma grande tanga!
A minha Avó Madalena tinha a mais importante das profissões: educar os filhos, cuidar da casa e trabalhar no campo. Lembro-me de andar no oitavo ano e querer que o meu pai me levasse à escola de carro (eu morava a 5 minutos a pé da escola). Nesse dia o meu pai contou-me que 5 não eram os minutos que demorava até à escola, mas sim os quilómetros que fazia para lá chegar. Se algum dia, aos 24 de idade, dissessem à minha avó que os filhos poderiam estudar no estrangeiro apoiados por um programa de mobilidade e que Portugal receberia 12 milhões de euros por dia em fundos comunitários, ela diria que era uma grande tanga!
A minha Avó Laura tinha, igualmente, a mais importante das profissões. Acontece que, ao contrário de todos os outros, não cheguei a conhecê-la.
O cancro levou-a. Cedo. Muito cedo. Como acontece sempre a quem menos merece.
Por esta razão não posso falar do seu passado com tanta propriedade, mas posso abordar o futuro com mais esperança.
Sou social-democrata convicto e milito no Partido Social Democrata com a racionalidade de quem quer, acima de qualquer outro interesse, o melhor para as pessoas, para o país e para a Europa. Não posso, por isso, deixar de salvar o facto de a primeira proposta do Manifesto do PSD para estas eleições europeias ser um Plano Europeu de luta contra o Cancro.
A Europa onde nascemos, crescemos, estudamos, viajamos e trabalhamos é também a Europa dos meus avós.
Aquilo que seria uma grande tanga tornou-se uma grande realidade e nós – jovens – temos a obrigação de continuar este projeto real.
A Europa, tal como a nossa vida, é um “processo”. Espero, por isso, que um dia os meus netos recordem a Europa do avô e como ela evoluiu para melhor.
Bruno Bessa
Advogado Estagiário
Presidente da JSD Maia