O Link Lab Maia esteve hoje, quinta-feira, 30 de maio, a debater os fatores críticos de competitividade das PME portuguesas, num painel moderado por Aldo Maia, diretor do Notícias Maia.
O painel de inovação foi dinamizado pela Crédito y Caución e contou com moderação de Aldo Maia, diretor do jornal Notícias Maia. A mesa recebeu Paulo Morais, country manager Portugal e Brasil da Crédito y Caución, César Martins, diretor executivo da Chemitek, Augusto Souza Roza, diretor comercial da Fitembal.
Paulo Morais considerou que as empresas estão melhor preparadas para a inovação, nomeadamente ao nível da gestão, especialmente desde o período de ajustamento económico, que “obrigou” os gestores a encontrar o seu caminho num mercado global – que fizeram muito bem. Augusto Roza lembrou que cerca de metade das empresas portuguesas são familiares e 90% são pequenas empresas, mas que mesmo estas empresas têm agora novos quadros e novas lideranças mais profissionalizadas, que olham para o mercado global com competitividade e vontade de inovar. Para isto, Roza considera que é essencial ter profissionais competentes, de qualidade.
Sobre as pessoas e a integração de jovens nas empresas, César Martins considera que, culturalmente, o foco está na competitividade do preço e hoje é difícil ao empresário captar talento precisamente por isso; porém, a crise motivou um mercado mais ativo, o que é positivo. Paulo Morais considera que as empresas têm de olhar para o mercado como global – o mundo é o mercado dos jovens – e tendo em conta os salários praticados em Portugal é inevitável a saída da massa jovem para o estrangeiro. É um problema de dimensão o que Portugal tem: temos de olhar para o mercado todo.
Para Augusto Roza só é possível inovar apostando na qualidade e olhando para dentro, para os quadros das próprias empresas. Temos de dar propósito às pessoas, deixá-las liderar e elogiá-las. Isto é a indústria 5.0, é apostar nas pessoas que trabalham connosco e essa postura permite-nos inovar constantemente.
Para César Martins inovação tem muitos sentidos, no fundo é criar algo para resolver um problema. Mas é preciso saber quanto a pessoa que tem o problema está disposta a pagar pela resolução do seu problema: é preciso desenvolver serviços ou produtos diferenciados que deem valor acrescentado e pelos quais as pessoas estão dispostas a pagar, porque isto é essencial para poder pagar justamente às pessoas que estão connosco.
No mercado de atuação de Augusto Roza (embalagem), inovar é reduzir custos e aumentar a sustentabilidade diminuindo o impacto ambiental. Já Paulo Morais considera que inovação é a associação de serviços que permitam às empresas clientes aceder a um conjunto de ferramentas essenciais ao seu negócio, que impactem crucialmente as suas decisões.
Inovar é também liderar. Saímos mais fortes do período de ajustamento financeiro porque formos obrigados a liderar processos, considera Augusto Roza. Por outro lado, é muito importante conhecer o cliente e o negócio do cliente para correr menos riscos, defende: conhecer o mercado é importantíssimo, ajuda os empresários a não tomar más decisões, a ter maior segurança.
Para César Martins, existe, no que toca a processos de inovação, um gap entre novas ideias e a implementação de empresas e projetos, considerando que deveria haver um meio-termo, especialmente para as start ups. Sobre os fundos estruturais, que poderiam ser parte da solução quando falamos de inovação que requer investimento, Paulo Morais considerou que seria muito mais estimulante para as empresas ter acesso a business angels e outros parceiros, porque os fundos vão geralmente para as maiores empresas, e são sempre as mesmas.
Considerando a Chemitek como uma empresa inovadora e partilhando a sua experiência, César Martins diz que para criar novas ideias há sempre que descobrir um problema e ver se alguém está disposto a pagar pela sua resolução. Tem de haver uma necessidade, um produto diferenciador que tenha valor acrescentado e seja viável.
Já na Fitembal a inovação começou pelas pessoas, e apenas posteriormente avançou para a customização do negócio e foco nos clientes. As lideranças não podem trabalhar sozinhas, considerou, há que trabalhar em equipa, todas as áreas da empresa em cooperação, e isto leva anos.
Para a inovação a gestão de crédito comercial é também um fator relevante, considera Paulo Morais, porque posiciona as empresas de forma diferente. Analisando a inovação no mercado nacional, César Martins considera que depende da dimensão do produto: se o mercado é reduzido aqui, há que sair. E isto tem acontecido: a perspetiva tem mudado quanto à inovação, há vontade, os portugueses querem fazer coisas diferentes. Augusto Roza elencou ainda outro fator importante que é a estabilidade política que permita cativar investimento estrangeiro, além da competência das pessoas para inovar e liderar.
O encontro terminou com um momento dedicado a oportunidades, negócios e cooperação, da responsabilidade do Tecmaia, que foi moderado por Manuel Oliveira, gestor de projeto do Tecmaia, e em que participou Hélder Fernandes, CEO e co-founder da ViGIE Solutions, e Inácio Fialho de Almeida, presidente da Associação Empresarial da Maia.