Zeinal Bava foi um dos condecorados do dia 10 de Junho de 2014 pelo Presidente da Republica Cavaco Silva, com a grã-cruz da Ordem de Mérito Empresarial.
Esta condecoração destaque o mérito da gestão em empresas de renoma com francos benefícios para a empresa, e, consequentemente, no país.
Após cerca de 18 meses na condução do leme da Oi, os números não enganam e Bava conseguiu gerir a sua saída com um cheque a rondar, segundo informação da imprensa, os 5,4 milhões de Euros. Ainda pela mesma fonte de informação, calcula-se que terá ganho cerca de 50 milhões de Euros desde que entrou na PT até que saiu da Oi.
Pelo caminho a PT, enquanto uns ganhavam, desvaloriza quase 80%.
Confesso que me habituei a ver Bava numa postura auto confiante, a transbordar de dinamismo e de uma “boa onda” que sempre caía bem por onde passava. Com um aspecto de toque de Midas, e com os prémios a somar, a confiança nele era (quase) ilimitada. Todas as decisões pareciam bem tomadas, com consciência, e, sobretudo, munidas de uma perspicácia que define os grandes gestores, e que, afinal, é os diferencia daqueles mais medianos.
Mas afinal como conseguiu Bava chegar tão longe com tamanha amnésia, como aquela que constatamos na Comissão Parlamentar?
Perdeu as notas escritas? Impossível, uma vez que foi o responsável pela estratégia de digitalização de toda a Pt, por isso, qualquer nota está espetacularmente guardada num ficheiro informático. Bem… se calhar o problema é que já não se lembra da password!
Brincadeiras de parte… A verdade que esta amnésia selectiva de alguns com grandes responsabilidades irrita. Será possível que não se lembre onde tinha 80% (!) do investimento? Não leria os papeis para assinar?
Com um estilo engraçado, a verdade é que Bava fez a única coisa que sabe fazer bem mas que acabou por não ter piada para a maioria dos portugueses: geriu a sua imagem, e por consequência a sua responsabilidade. Mais uma vez ficam prejudicados todos aqueles que acreditam na seriedade dos outros, e que com isso se entregam de alma e coração aos projetos em que entram.
Brinca-se com demasiada facilidade com vidas de pessoas que existem, mas que por algum motivo que ainda não compreendi parecem, em algumas circunstâncias ter a sua importância minorada.
Ricardo Filipe Oliveira
Médico
Mestre Eng. Biomédica (FEUP)
Lic. Neurofisiologia (UP)
Não escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.