Caros Leitores
Nas vésperas de Natal a minha sobrinha preferida, Joana de seu nome, propôs-me um desafio… escrever sobre o amor.
Joaninha, não sendo um tema fácil nem a minha zona de conforto, aceitei o teu desafio e, assim, apresento algumas ilações sobre o amor.
Nunca demorei tanto tempo a escrever um artigo nem rasurei diversas versões do mesmo; no mínimo, alterei o texto do início ao fim, cerca de 10 vezes. É complexo escrever sobre sentimentos, nomeadamente, um tão nobre e delicado como o amor. Para a inspiração necessária, nestas ocasiões, apelei à quadra que atravessamos, enaltecendo ao máximo o meu espírito natalício.
A palavra amor (do latim amor) presta-se a múltiplos significados na língua de Camões. Pode significar afeição, compaixão, misericórdia, inclinação, atracção, apetite, paixão, querer-bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc. Pode ser caracterizado como o nível ou grau de responsabilidade, utilidade e prazer com que lidamos com as coisas e pessoas conhecidas (1).
O conceito mais popular de amor envolve, de um modo geral, a formação de um vínculo amoroso com alguém ou com algum objecto que seja capaz de receber este comportamento amoroso e enviar os estímulos sensoriais e psicológicos necessários para a sua manutenção e motivação. É tido por muitos como a maior de todas as conquistas do ser.
Existem diversas formas de amor: o amor físico, o amor platónico, o amor materno, o amor à vida. As muitas dificuldades que essa diversidade de termos oferece, em conjunto à suposta unidade de significado, ocorrem não só nos idiomas modernos mas também no grego e no latim. O grego contém várias palavras para “amor”, cada qual denotando um sentido diferente e específico. No latim, encontrámos amor, dilectio, charitas, bem como Eros, que representa a parte consciente do amor que uma pessoa sente por outra. É o amor que se liga de forma mais clara à atracção física e, frequentemente, compele as pessoas a manterem um relacionamento amoroso continuado. Nesse sentido, também é sinónimo de sensualidade, que leva à atracção sexual. Ao contrário, vem a Psique (2), que representa o sentimento mais espiritual e profundo.
O amor é um sentimento mais “forte” do que um simples gostar entre duas ou mais pessoas e pode ou não ser recíproco. O amor interpessoal está mais associado a relações interpessoais. Tal amor pode existir entre familiares, amigos e casais.
De seguida, são apresentados alguns sentimentos que estão, frequentemente, associados ao amor interpessoal:
• Carinho: sentimentos de ternura e/ou querendo proximidade física; • Atracção: satisfazer necessidades básicas emocionais; • Altruísmo: preocupação com outrem;
• Reciprocidade: se o amor é recíproco; • Compromisso: um desejo de manter o amor; • Intimidade emocional: a troca de emoções e sentimentos; • Amizade: o espírito entre amigos; • Parentesco: laços familiares; • Paixão: desejo constante, sentido via modificação do ritmo cardíaco; • Intimidade física: compartilhamento do espaço pessoal e íntimo; • Auto-interesse: quando se visa recompensas; • Serviço: desejo de ajudar. (1)
Muitos autores defendem que a sexualidade pode ser um elemento importante na determinação da forma de um relacionamento, mas a própria atracção sexual, muitas vezes, cria um novo vínculo sexual. No entanto, existem muitas maneiras de expressar amor apaixonado sem sexo. Afecto, intimidade emocional, partilha de interesses e experiências são comuns nas amizades e amores de todos os seres humanos.
Para finalizar o artigo, gostaria de dizer que já aconteceu a todos nós, sem excepção, levantarmo-nos pela manhã, lembrarmo-nos de alguém e sentirmos o coração a bater mais depressa e uma espécie de borboletas na barriga. Já apresentamos, com orgulho, essa pessoa como sendo o amor da nossa vida. Caso ainda não tenha acontecido, quando esse dia chegar, não tenha medo mas, sim, a certeza de uma coisa: essa pessoa é o motivo de nenhuma outra ter dado certo. As pessoas que nascem para ficar juntas sempre se encontram no final.
No entanto, também existe o desamor. “Ficar com o coração partido” apenas acontece porque damos mais do que recebemos ou expectamos algo que não recebemos. Quando as expectativas não são correspondidas, deixam um vazio dentro do peito e muitas vezes levam à decepção. E tudo isso existe, desde que o mundo é mundo. Apenas necessitamos de aprender a lidar com a situação. Levantar a cabeça e seguir em frente, fazer novas amizades e não ficar a curtir a “fossa” é sempre uma boa opção para ultrapassar a decepção.
Como dizia John Lennon “não interessa quem tu amas, onde é que amas, porque é que amas, quando é que amas ou como é que amas, o que interessa é que ames”.
Joaninha, espero ter ido ao encontro das tuas expectativas, mas como dizia alguém que conheci nas lides da poesia: “ Eu posso fazer mil textos para tentar explicar o amor, dar-te mil beijos e abraços apertados, olhar nos teus olhos e segurar-te a mão e para sempre te proteger… mas nunca vai ser suficiente para demonstrar o que sinto.” E como é difícil falar do Amor…
Pessoalmente gosto de olhos que sorriem, de gestos que se desculpam, de toques que sabem conversar e de silêncios que se declaram.
Abraço amigo para todos, e votos de um 2015 repleto de Saúde e de Amor… nas várias acepções da palavra!
Francisco Martins da Silva
Engenheiro e Professor do Ensino Superior
Notas do autor
1. Algumas frases (assinaladas com 1) não são da autoria do redactor, mas decorrentes de pesquisa bibliográfica.
2. Psique (2) é a palavra com origem no grego psykhé e é usada para descrever a alma e o espírito. Também é uma palavra relacionada com a psicologia e começou a ser usada com a conotação de mente ou ego por psicólogos contemporâneos para evitar ligações com a religião e espiritualidade [URL: http://www.significados.com.br/psique/]