A Vice-presidente do Grupo Tintas 2000 e Vice-presidente da Comissão Politica Concelhia Maia foi anunciada mandatária de Luís Montenegro na concelhia maiata, para as eleições diretas do PSD que se realizam a 11 de janeiro. Há três candidatos para o mesmo lugar, o atual presidente, Rui Rio, acompanhado por outro social democrata do Porto, Luís Montenegro, e um candidato da área de Lisboa, Miguel Pinto Luz.
Notícias Maia: O que é “A força que vem de dentro”?
Ana Ambrósio: A força que vem de dentro é uma vontade forte e determinada de militantes de base em voltar a fazer do PSD o maior partido de Portugal, o “partido mais português de Portugal”. Um partido vivo, dinâmico, com alma e chama, organizado para ganhar as próximas eleições autárquicas e legislativas. Acredito, que a força vem dos militantes e a união vem do líder. A primeira vez que votei em 1991, votei na segunda maioria absoluta de Cavaco Silva, nessa noite enchemos a avenida dos aliados … é esse PSD que queremos de volta, é esta a força que vem de dentro.
NM: Como vê esta luta interna pela liderança do PSD?
AA: Esta disputa interna pela liderança do PSD é na minha opinião importante, mais do que outras que já ocorreram. Duas candidaturas apresentam orientações estratégicas que apontam caminhos bem diferentes. O PSD está, neste momento, descaracterizado e vem de duas derrotas eleitorais pesadas. Urge afirmar-se como alternativa forte de governo.
O PSD deve ser hoje a principal força da oposição, foi o que os portugueses quiseram que fosse, uma oposição que escrutina e fiscaliza o trabalho do governo. Luis Montenegro diz que não apoiará o Governo socialista e diz muito bem. O PS governa contra os nossos princípios. Eu também não quero acordos com o PS, António Costa também não os quis connosco. Viabilizando orçamentos do PS, o PSD estaria a sustentar a governação de António Costa, e a prolongar o PS no poder, o PSD deixaria de ser visto como alternativa ao governo socialista. Não temos de viabilizar orçamentos que são o principal instrumento de persecução da politica do governo com qual nós não concordamos. A estabilidade do Governo depende dos comunistas e bloquistas, são esses os parceiros do PS. O PSD é um partido para liderar a iniciativa politica, temos de voltar a ser um partido ambicioso, que quer sempre ganhar todas as eleições. Se tivermos de ter eleições antecipadas, por esses apoios faltarem ao Governo, não há drama para o país, pelo contrário. Nós seremos a alternativa! Drama é o que vivemos neste momento.
Rui Rio tem uma posição estratégica que caso a “geringonça 2” deixe de funcionar, é a estratégia que convém ao Governo do PS. É a estratégia da resignação, da abertura a acordos políticos e da disponibilidade para viabilizar orçamentos.
No final desta “luta” é preciso saber unir todos. Luis Montenegro saberá fazê-lo.
NM: Porque considera Luís Montenegro o melhor candidato?
AA: Luis Montenegro é o melhor candidato porque estou convicta que neste momento é o mais bem preparado para afirmar o PSD como uma forte e clara alternativa ao PS. É agregador, motivador e entusiasta. É esclarecido com os princípios orientadores da social democracia, sabe indicar o caminho. É o líder certo para unir militantes e simpatizantes, somar competências, reconquistar a confiança dos portugueses e ganhar eleições.
NM: Luís Montenegro está mais à Direita de Rui Rio?
AA: Não sei se Montenegro está mais à direita, sei que Rui Rio está mais disponível para se entender com a esquerda, fazer acordos e viabilizar orçamentos com o PS, e Luis Montenegro não está.
NM: Como considera ser o posicionamento ideológico do PSD? É necessário colocar “Portugal ao Centro”?
AA: Não vejo muita relevância nem necessidade de reposicionamento do PSD, nem de clarificação da identidade ideológica do PSD. Eu não a tenho essa necessidade e estou convencida que a maioria dos militantes, simpatizantes e dos portugueses também não. Naturalmente que uma ideologia que surge no século XIX tem de evoluir para os dias de hoje.
O PSD em Portugal foi sempre considerado um partido de centro direita, ao contrario do que acontece no norte da europa que é posicionado no centro esquerda, mas isso para mim é teoria politica, ou História. O PSD é um partido que compreende a relevância do setor privado da economia, promove a iniciativa privada, assumindo o Estado um papel de regulador e fiscalizador deste sistema económico e um papel interventivo em áreas sociais, como na saúde, na educação, na habitação, na justiça, para promoção do bem estar social. Mais liberal em questões económicas e mais conservador em questões sociais.
Eu não preciso de ser esclarecida sobre este assunto, nem que reinventem o posicionamento politico do PSD. Sempre fomos um partido abrangente, tolerante, inclusivo, para quê mudar isso?
NM: Pensa que a liderança de Rui Rio está esgotada no partido?
AA: Sim, completamente esgotada. Dois anos foi um período mais do que suficiente para demonstrar que Rui Rio não tem soluções para organizar um PSD coeso, forte, combativo. Que confronte o governo em todas as suas opções. Só com um PSD assim se vencem eleições. As duas derrotas eleitorais têm de ser assumidas, se não existiu união em torno do líder é porque o líder não soube ser líder, essa competência é do líder. Não reconheço em Rui Rio características de líder mobilizador. Tem muito valor, como economista, é com certeza rigoroso nas contas e nos números que apresenta, é calculista e autoritário. Destacam em Rui Rio a sua seriedade e credibilidade, mas isso são condições necessárias mas não as suficientes para a execução de qualquer cargo de responsabilidade. Também os candidatos Luis Montenegro e Pinto Luz são sérios e dignos de confiança, não conheço nenhum motivo que indique o contrário. Mas isto não chega.
Rui Rio geriu o partido nos últimos anos, com divisões que foram conhecidas dos militante e que não são aceitáveis, com frequentes “recados” para o interior do partido. O PSD precisa de mudar de líder.
NM: Quais as perspetivas para o PSD nas próximas eleições autárquicas?
AA: As perspetivas do PSD são de vencer as eleições autárquicas, manter as câmaras que tem atualmente e ganhar as muitas que perdeu, para outros partidos e para independentes. A verdadeira implementação de um partido no terreno consegue-se com as autarquias, todos sabemos isso. Luis Montenegro já referiu que as eleições autárquicas, são uma prioridade para a sua liderança, se ganhar as diretas de janeiro de 2020, será ele próprio, enquanto líder, a coordenar o processo autárquico. O objetivo é “liderar o poder local”. Na Maia temos todas as condições para obtermos um bom resultado, melhor do que nas eleições anteriores, precisamos naturalmente, como todos os concelhos, da proximidade, e do apoio do presidente do partido.
Rui Rio diz ser demagógico e impossível em 2021 conseguirmos subir para o patamar que estávamos em 2005, “ …é impossível (..), mas é bom que se consiga subir”, eu não conheço nunca uso a palavra impossível, nas minhas empresas, a palavra impossível desapareceu do nosso vocabulário. Nós somos capazes de muito mais do que imaginamos, usamos apenas uma pequena percentagem das nossas capacidades.