Após uma reunião com Fernando Araújo, diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o primeiro-ministro, António Costa, identificou que a maioria dos utentes que recorrem às Urgências do SNS não necessitam realmente desse serviço. Estes casos estariam a sobrecarregar as Urgências, prejudicando aqueles que verdadeiramente necessitam de atendimento urgente.
As declarações do chefe do Governo, divulgadas pela CNN Portugal, enfatizam a importância de não sobrecarregar os serviços hospitalares com solicitações desnecessárias. Costa e Araújo concordaram na necessidade de redirecionar os utentes para os serviços adequados e reforçaram a recomendação para que, antes de se dirigirem às Urgências, os utentes contactem a Linha Saúde 24, uma indicação que, segundo eles, tem sido frequentemente ignorada.
“Não podemos estar a sobrecarregar um serviço com necessidades que não são necessárias de satisfazer naquele serviço, prejudicando, objetivamente, aqueles que precisam mesmo de ser atendidos nas Urgências hospitalares”, afirmou o chefe do Governo, citado pela CNN Portugal.
A CNN refere ainda que o socialista afirmou que o país possui um grupo de médicos que, devido à sua idade, estão isentos de realizar serviços de urgência e que a formação dos novos médicos requer tempo.
“E, portanto, nos próximos dois anos vai haver sempre tensão entre o número de profissionais que se reformam, o número de profissionais que deixa de ter idade para fazer urgências e a formação de novos profissionais que os substituem”, referiu.
Já o jornal Observador acrescentou que o Primeiro-ministro afirmou que, a partir de janeiro, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) terá as “peças do puzzle devidamente montadas”, o que não significa que Portugal se transforme de imediato “no país das maravilhas”.
“O calendário que está fixado é que em janeiro temos o conjunto das ‘peças do puzzle’ devidamente montadas. Se me pergunta se no dia 2 de janeiro passamos a viver ‘no país das maravilhas’, não passamos a viver ‘no país das maravilhas'”, disse António Costa.
Esta discussão surge num momento delicado para o SNS, em que vários Serviços de Urgência enfrentam constrangimentos. Mais de 2000 médicos recusaram-se a fazer horas extraordinárias para além das 150 horas obrigatórias. Em resposta a esta situação, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, informou que as negociações com os sindicatos médicos serão retomadas na próxima semana. A juntar a este cenário, a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) confirmou a manutenção da greve para os dias 17 e 18 de outubro.