Novembro é o mês dedicado à saúde do homem, com especial destaque para a prevenção do cancro da próstata.
De acordo com o urologista Dr. José Sanches Magalhães, médico com mais de vinte anos de experiência no Instituto Português Oncologia do Porto, “saídos de uma pandemia, em que os cuidados de saúde foram adiados ou até passados para segundo plano, é mais do que nunca, de extrema importância, alertar para este tipo de cancro. É o mais frequente no homem, no nosso país, e onde o seu diagnóstico precoce pode ser decisivo para ultrapassar a doença”.
Os dados mais recentes sobre o cancro da próstata indicam que existem mais de seis mil novos casos por ano, apenas em Portugal, tratando-se do tumor com maior prevalência nos homens, inclusivamente acima do cancro do cólon e reto e do pulmão. Cerca de 90% de todos os cancros deste tipo são detetados quando o tumor está localizado na próstata ou em torno dela, pelo que as taxas de sucesso do tratamento são elevadas, comparativamente com outros tipos de doença oncológica.
Ainda assim, o diagnóstico precoce é essencial e tem contribuído para reduzir significativamente a taxa de mortalidade. “Na maior parte dos casos, o diagnóstico é feito em fases em que se consegue tratar e erradicar a doença”, afirma o urologista Sanches Magalhães. “Até em casos que progridem e ultrapassam a fase localizada, ou que são diagnosticados em fases avançadas, as possibilidades de tratamento alteraram-se de forma muito significativa em poucos anos. Não obstante, todos os anos falecem cerca de 2000 doentes, só em Portugal”, esclarece. “É um número significativo, dada a elevada frequência da doença, que corresponde a mais de 10% das mortes por doença oncológica”.
Apesar de a maioria destes tipos de cancro ser de evolução lenta ou surgir, muitas vezes, em idade bastante avançada, existem casos em que a doença se manifesta de forma mais agressiva. No entanto, a deteção do cancro da próstata numa fase precoce permite o tratamento, com uma taxa de cura que pode ultrapassar os 95%.
O cancro da próstata é uma doença geralmente silenciosa e assintomática, em que o aparecimento de sintomas pode acontecer apenas numa fase de doença já avançada. Não há uma idade específica para este problema, embora se desenvolva principalmente após os 65 anos. De forma geral, o acompanhamento deve ser feito a partir dos 50 anos, ou no caso dos três principais fatores de risco comprovados para o cancro da próstata (a idade, a história familiar e a origem étnica), deve-se procurar o acompanhamento desde os 40 anos.
De acordo com o urologista Dr. José Sanches Magalhães, fundador do Instituto de Terapia Focal da Próstata, “deve ser proposta a hipótese de deteção precoce do cancro da próstata a todos os homens entre os 40 e os 50 anos, bastando para tal a realização de análise ao sangue: o teste do PSA (Antigénio Específico da Próstata), especialmente aqueles com familiares diretos com cancro da próstata”.