A Casa do Brasil de Lisboa, fundada em 1990, celebra nesta altura 30 anos de existência. Atualmente, o número de imigrantes brasileiros em Portugal atingiu a melhor marca de sempre: são agora 210 mil.
A Casa do Brasil de Lisboa (CBL) foi fundada há 30 anos por um grupo de pessoas que debatia questões como a legalização e o reconhecimento de diplomas académicos, sendo que, por força desta instituição que apoiava todos os imigrantes brasileiros que chegavam, a comunidade atingiu o maior número de sempre e representa agora a maior comunidade imigrante em Portugal com 210 mil pessoas, segundo os dados de março do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
“O primeiro ato da comissão instaladora foi arranjar dinheiro e então fizemos uma festa na Voz da Operário, um réveillon, que foi um sucesso, chegou a ter 300 e tantas pessoas. Deu-nos 300 contos e já permitia fazer alguma coisa”, lembra Carlos Vianna, fundador da (CBL), em declarações ao jornal Público.
Sediada na Rua do Bairro Alto, a Casa do Brasil, apoia os imigrantes na sua regularização, organiza grupos de entreajuda e é espaço de debate. Tem também uma vertente recreativa e cultural, algo que esteve presente desde o início, afirma o fundador.
Segundo os dados anuais do SEF, citados pelo mesmo jornal, existem algumas alterações de fluxos: “em 2003 havia cerca de 26.500 brasileiros legalizados, em 2010 eram cerca de 119 mil, mas a partir daqui começou a descer, atingindo as cerca de 81 mil pessoas em situação regular em 2016. A partir de 2019 deu-se um salto, quando se chegou a mais de 151 mil, sendo 183 mil em 2021. Agora sabe-se que em 2022, até Março, já são 210 mil”.
“Com os governos de Temer e Bolsonaro veio muita gente com formação superior e há também um fluxo do que chamamos de ‘burguesia’, que são em menor número, mas têm grande poder económico”, afirma Carlos Vianna. “Também há um certo número de artistas de renome e da intelectualidade que vive em Portugal por causa da segurança.”
Assim, existe uma grande diferença de há 30 anos para cá e atualmente “os imigrantes querem mais cidadania”. “O brasileiro tenta logo ser cidadão português quando mora aqui há uns anos, mas acho que falta mais representação na sociedade. O desafio é de cidadania e de representação política e profissional – além de se continuarem as lutas permanentes, como a burocracia.”