A Cepsa alertou para a entrada ilegal de combustíveis na Península Ibérica, possivelmente provenientes da Rússia, vendidos a preços reduzidos e de qualidade duvidosa. A empresa prevê que o problema, já presente em Espanha, se estenda a Portugal.
Portugal pode estar prestes a enfrentar uma nova ameaça no mercado dos combustíveis, com a possível chegada de combustíveis ilegais e de qualidade inferior provenientes da Rússia. Estes combustíveis, que entram na Península Ibérica através de importações fraudulentas, são vendidos a preços mais baixos, evadindo os impostos e comprometendo a qualidade, o que resulta num aumento das emissões poluentes.
O alerta vem de Rui Romano, veterano com mais de 30 anos de experiência no setor dos combustíveis em Portugal e atual responsável pela rede de postos da Cepsa no país. Em entrevista ao Jornal Económico, destacou a atividade de uma “máfia” que se instalou em Espanha e que opera a importação fraudulenta de combustíveis, possivelmente através da Rússia, via Turquia.
Esta organização criminosa, que anteriormente atuava em Itália, já está a causar prejuízos significativos em Espanha, onde se estima que a prática ilícita custe aos cofres públicos cerca de 50 milhões de euros anuais. A situação “distorce o mercado face a quem trabalha de forma legal e honesta e que cumpre com todas as obrigações fiscais e regulamentares,” alerta o especialista.
Além dos danos económicos, o especialista sublinha ao mesmo jornal que os consumidores, atraídos pelos preços baixos, podem estar a comprometer a saúde dos seus veículos ao utilizar combustíveis que não cumprem as normas de qualidade, contribuindo inadvertidamente para a evasão fiscal.
“É preciso regular aquilo que vem de fora, é a nossa maior preocupação. Sentimos que é uma necessidade porque nos prejudica, mas também porque prejudica todos os portugueses. Por cada cisterna que entra no país, sem impostos ou sem os bios necessários, somos todos nós que estamos a pagar”, conclui Rui Romano.