Com o projecto da mobilidade eléctrica estruturado, mas adormecido, o CEIIA – Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel, toma a iniciativa de levar a gestão da mobilidade urbana para lá da mera integração de pontos de carregamento de veículos eléctricos. O centro de inovação instalado na Maia começa a desenhar uma nova solução electrónica para imprimir inteligência à gestão da forma como nos deslocamos nas cidades. O trabalho segue e o primeiro passo, na migração do laboratório para a rua, atravessa o Atlântico.
Há vários anos que o CEIIA trabalha no projecto Mobi.Me, uma solução fonética e graficamente muito semelhante ao polémico Mobi.E, que, embora ainda em operação, foi alvo de diversas críticas, pelo alegado desacerto no desenho da infra-estrutura da mobilidade eléctrica, sobredimensionada para o número de utilizadores em Portugal. Mas a diferença entre os dois projectos não se limita a um “M” antes do “E”. No Mobi.Me há uma visão mais abrangente da mobilidade: o objectivo desta plataforma electrónica é ser um interface que concentra informação sobre serviços de parqueamento, dados da utilização de sistemas de partilha de veículos (sejam eles automóveis ou bicicletas) e elementos sobre o uso de transportes públicos.
Hoje em dia há diversos portais com informação sobre a disponibilidade de transportes públicos e sugestões de trajectos, que permitem aos utilizadores calcular a melhor forma de se deslocar de A a B. O Mobi.Me pretende agregar não só essa informação, mas também disponibilizar e tratar dados sobre o uso efectivo, e em tempo real, das vias de comunicação na cidade. Utilizando dispositivos em táxis ou autocarros que monitorizam os seus percursos e permitem avaliar o congestionamento de trânsito ao minuto. Ou incorporando soluções de pagamento remoto do estacionamento, que permitem ao utilizador “reservar” lugar para o seu veículo numa rua sujeita a parqueamento pago, mas sem parquímetros físicos.
“É um sistema pensado a partir do utilizador”, explica José Rui Felizardo, presidente do CEIIA, que garante que com a aplicação de um sistema integrado de gestão da mobilidade urbana como o Mobi.Me “há uma redução substancial dos custos operacionais”, já que se evita a duplicação de ofertas e, conhecendo o comportamento dos consumidores em tempo real, se pode ajustar essas mesmas ofertas às reais necessidades de quem se desloca na cidade. A plataforma já está, aliás, preparada para ser usada pelos futuros aderentes através de “smartphones”. “Porque é que a mobilidade é cara? O consumidor apaga por pagar os diferentes custos operacionais dos vários operadores”, nota José Rui Felizardo. Segundo o gestor do CEIIA, o mérito da solução Mobi.Me é permitir reduzir custos e tempos de deslocação, ao mesmo tempo que se contribui para a sustentabilidade das cidades.
Fonte: jornaldenegocios.pt