As negociações para a entrada da chinesa State Grid no capital da Efacec entraram na recta final, deixando para trás outro potencial comprador, a empresária angolana Isabel dos Santos.
Os grupos José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves, que detêm cada um 50% da maior empresa industrial portuguesa de electrónica e electromecânica, preparam-se assim para ceder o controlo ao principal accionista da Redes Energéticas Nacionais (REN). A State Grid adquiriu, em 2012, 25% da gestora das infra-estruturas nacionais de electricidade e gás natural, tornando-se no seu maior accionista e parceiro estratégico para os mercados de expressão portuguesa.
Segundo o apurado, a operação, cujos contornos continuam rodeados de grande secretismo, deverá resultar, numa fase inicial, na manutenção de participações minoritárias por parte dos grupos nacionais.
De acordo com as mesmas fontes, o processo negocial, que se arrasta há vários meses terá sido intensificado na sequência do lançamento da oferta pública de aquisição do grupo José de Mello sobre a Espírito Santo Saúde, a qual envolvia um esforço superior a 400 milhões de euros. Um valor que o sector considerava elevado face à situação financeira do grupo José de Mello. No final do último ano, apesar do esforço de redução, este apresentava uma dívida na ordem dos 5,9 mil milhões de euros. A forte disputa pelo controlo da Espírito Santo Saúde – já envolveu, até ao momento, quatro concorrentes – acabaria, porém, por resultar na retirada de cena do grupo José de Mello, anunciada a 25 de Setembro passado.
Afectada pela crise económica e pela má performance de alguns dos seus mercados estratégicos, como o Brasil e os EUA, a Efacec procura há muito um parceiro que lhe confira o músculo financeiro perdido, e ao mesmo tempo lhe abra as portas a geografias mais promissoras.
Para a State Grid, o acesso ao portefólio da Efacec garante-lhe visibilidade no mercado europeu e reforça exposição aos países de expressão portuguesa. Igualmente relevante para o gigante asiático é a mais-valia conferida com o serviço pós-venda disponibilizado pela Efacec, uma valência de que não dispõe.
Fonte oficial da Efacec limitou-se a afirmar que e “empresa tem interesse em ter um novo accionista, um outro accionista, mas neste momento o processo está a seguir o seu processo normal. Penso que nestas matérias é habitual haver negociações com várias entidades. É importante para nós a entrada de capital.”
Caso se concretize, a operação deverá merecer particular atenção não só por parte da Autoridade da Concorrência, como da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, dado que a Efacec é actualmente um dos principais fornecedores da REN. Com instalações em Carnaxide e Pólos Industriais na Arroteia e na Maia, a Efacec conta com cerca de 4.000 colaboradores. Em 2013, registou perdas de 90 milhões de euros e uma facturação de 692 milhões de euros.
Fonte: economico.sapo.pt