As esplanadas do centro da cidade estão repletas de gente. Velhos conhecidos que se reencontram, surgem pessoas unicamente sedentas de estar com gente ou moldam-se “primeiros encontros”.
Já sou há muito tempo um adepto do clássico ritual de saborear café na esplanada, por vezes, é difícil encontrar um lugar digno e dou por mim numa cena hilariante como nos filmes de Jacques Tati, onde são registadas ações coletivas, cheias de maneirismos e de outras gestualidades de cariz mais burlesca.
Houve uma vez que levei um livro, mal me sentei, apercebi-me logo que o ato de ler era completamente impossível de executar! Estava no meio de uma multidão frenética e barulhenta. Crianças a berrar, pessoas a discutir sobre futebol, cães impacientes a ladrar, queixas sobre o atendimento da esplanada, gente que grita sozinha ao telemóvel, pedintes a chatearem a clientela, velhinhas que se esqueceram das compras debaixo das mesas e pombos irrequietos…enfim! Será um regresso à normalidade?
Nelson Maia, Agosto de 2020