Investigadores do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) descobriram como o colesterol LDL, conhecido como colesterol ‘mau’, se acumula no organismo. O estudo, publicado na revista Nature, revela pela primeira vez a interação entre a principal proteína estrutural do LDL e o seu recetor celular, lançando novas perspetivas para o tratamento de doenças cardiovasculares. Esta descoberta pode permitir o desenvolvimento de medicamentos mais eficazes e personalizados para reduzir os níveis de colesterol no sangue.
Os resultados do estudo, publicados na revista Nature, no passado dia 11 de dezembrom, explicam que, em condições normais, o LDL liga-se ao recetor LDLR, iniciando o processo de remoção do colesterol da corrente sanguínea. No entanto, mutações genéticas podem interromper esse mecanismo, levando ao acumular de placas nas artérias e aumentando o risco de enfartes e outras doenças cardiovasculares.
A equipa utilizou uma tecnologia avançada de microscopia crioeletrónica, que permitiu observar com um nível de detalhe nunca antes alcançado o momento exato em que o LDL se liga ao seu recetor. Para complementar a análise, foi utilizado um software de inteligência artificial, que modelou a estrutura da ligação e identificou mutações genéticas responsáveis pelo aumento do LDL no sangue.
Os cientistas descobriram também que muitas destas mutações estão associadas a uma doença hereditária chamada hipercolesterolemia familiar (HF), que afeta a capacidade do corpo de processar o LDL. Os portadores desta condição apresentam níveis extremamente elevados de colesterol e estão em maior risco de sofrer ataques cardíacos precoces.
Segundo os investigadores, a identificação das regiões críticas onde ocorrem estas mutações poderá ajudar no desenvolvimento de novas terapias dirigidas a corrigir interações disfuncionais causadas por alterações genéticas. Além disso, esta descoberta poderá beneficiar pacientes sem mutações genéticas, mas com colesterol elevado, que dependem de estatinas para regular os níveis de LDL.
A equipa acredita que, ao compreenderem melhor onde e como o LDL se liga ao seu recetor, será possível desenvolver medicamentos mais eficazes para reduzir os níveis de colesterol e, consequentemente, o risco de doenças cardiovasculares.