Um conjunto de juristas e arqueólogos egípcios procura obter uma compensação de 2 mil milhões de dólares da Netflix, alegando distorção da identidade egípcia na representação da rainha Cleópatra VII no docudrama “Queen Cleopatra”.
A recente produção da Netflix, “Queen Cleopatra”, tem vindo a gerar polémica no Egipto devido à representação da rainha Ptolemaica Cleópatra VII como uma mulher africana negra. Um grupo de juristas e arqueólogos egípcios avançou com um pedido de compensação financeira de 2 mil milhões de dólares à Netflix, acusando a plataforma de distorcer a identidade egípcia.
A equipa entregou uma carta à UNESCO na passada segunda-feira, dia 9 de outubro, argumentando que o Egipto tem direito a uma compensação inicial de 2 mil milhões de dólares por parte da Netflix. A carta defende ainda que o Egipto tem o direito de tomar medidas legais para “preservar o património egípcio tangível e intangível, seja antigo ou moderno”.
A polémica desencadeou uma grande reacção, por vezes histérica, de figuras proeminentes no Egipto, incluindo elementos do governo ou a eles ligados. Em abril, antes mesmo da estreia do docudrama, o advogado Mahmoud El-Semary apresentou uma queixa ao procurador-geral, pedindo o encerramento do serviço de streaming, com sede na Califórnia, no Egipto, devido ao programa.
A controvérsia gira, em grande parte, em torno da etnicidade de Cleópatra VII, que pertencia à dinastia Ptolemaica, de origem grega. A identidade étnica da rainha tem sido objecto de debate ao longo dos anos. A polémica destaca a sensibilidade contínua em torno da representação de figuras históricas e a necessidade de uma abordagem cuidada e respeitosa à história e identidade cultural de diferentes nações.
A UNESCO ainda não respondeu às exigências apresentadas pela equipa egípcia. Por outro lado, a Netflix enfrenta agora não só uma repercussão negativa no Egipto, como também uma potencial batalha legal que poderá ter implicações significativas no que toca à representação histórica em futuras produções.