É um clássico da época. A meses das eleições legislativas os partidos políticos concentram-se e organizam-se para propor candidatos a Deputados. Este é um processo que culmina na chamada “noite das facas longas”. Esta expressão, curiosamente, ganhou nome numa purga nazi, quando na noite de 30 de junho para 1 de julho de 1934 o partido de Adolf Hitler realizou uma série de execuções, eliminando adversários e possíveis adversários.
Os partidos políticos organizam-se assim, por forma a renovar as listas de candidatos a deputados, num processo impossível de agradar a gregos e troianos. Os candidatos são apresentados por círculos eleitorais que correspondem aos 18 distritos de Portugal Continental, mais Madeira, Açores, e cidadãos residentes na Europa e Fora da Europa. O número de eleitos depende do número de cidadãos recenseados em determinado círculo e naturalmente, do número de votos.
Nesta lógica, por exemplo, o Distrito do Porto propõe determinados cidadãos do seu Porto para desempenharem funções de Deputados à Assembleia da República. Mas é isto que necessariamente acontece?
Não é. Os partidos optam regularmente por organizar vários lugares cimeiros das listas com nomes de zonas do país que não o círculo eleitoral proposto, garantindo assim que figuras do seu interesse acabem sempre por ser eleitos.
Os portugueses não têm, pois, tarefa fácil quando se trata de conhecer os deputados em quem vão votar. Além da comunicação e propaganda política se centrar principalmente no candidato a Primeiro Ministro, os partidos políticos têm a possibilidade e optam com regularidade, por organizar listas com candidatos de zonas do país que não do círculo eleitoral em que figuram, para garantir que elementos do seu interesse acabem sempre por ser eleitos.
É desta maneira que é possível que Mário Centeno, atualmente Ministro das Finanças, tenha sido um possível cabeça de lista por Faro, mas tenha acabado por ser candidato na quinta posição do Círculo de Lisboa. É à vontade do interesse do partido. Se não houvesse espaço para Centeno em Lisboa ou Faro, podia ser candidato por Leiria, ou então por outro distrito qualquer. Rui Rio chamou a estes candidatos “paraquedistas”. Eles andam e aparecem por aí.
A escolha de Deputados é tão importante quanto a escolha do Primeiro Ministro. Um exemplo da importância de conhecer bem os deputados, ocorreu na última legislatura, quando o PSD venceu as eleições mas os eleitos para a Assembleia da República organizaram-se de forma a, entre eles e, com a conivência do Presidente da República, permitirem condições de governação ao partido que não foi primeira escolha dos Portugueses. O candidato a Primeiro Ministro mais votado, factualmente, foi Pedro Passos Coelho, mas os Deputados, na sua maioria, escolheram António Costa para governar.
As Eleições Legislativas estão aí à porta. A pergunta é: Conhece os Deputados em quem vai votar?
Aldo Maia