Primeiro, as boas notícias: as crianças portuguesas são as que consomem mais fruta, em comparação com as restantes crianças europeias. Agora, a má notícia: o estatuto socio-económico é um factor “determinante” para os comportamentos alimentares.
As conclusões estão no relatório da EPHE (EPODE for the Promotion of Helth Equity) sobre a obesidade nas crianças. O estudo começou em 2012 e dura até 2015. Estão a ser analisadas várias comunidades de crianças entre os seis e os nove anos na Bélgica, Bulgária, França, Grécia, Holanda, Portugal e Roménia. Em Portugal, são as crianças da cidade da Maia que fazem parte da análise.
No extremo oposto às crianças portuguesas estão as crianças belgas e francesas — são aquelas que apresentam menores consumos de fruta dentro da realidade europeia. As crianças portuguesas comem, pelo menos, uma peça de fruta por dia. Se considerarmos as crianças que estão em famílias com um nível socio-económico mais elevado, verifica-se que estas têm um consumo diário de duas peças de fruta. As crianças cujas mães têm um menor nível de escolaridade consomem menos quantidades de fruta e produtos hortícolas, e passam também mais horas a ver televisão. Ou seja, têm mais comportamentos que se refletem em excesso de peso.
Esta é uma realidade comum no continente. O estudo conclui que 50% dos pais com um nível socio-económico mais elevado dizem que têm sempre fruta disponível em casa. Apenas 30% dos pais com nível socio-económico mais baixo disseram o mesmo.
A implementação do projeto EPHE em Portugal está a cargo da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto e conta também com a parceria da Direção-Geral da saúde, no âmbito do seu Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável. O nível socio-económico foi medido pelo nível de escolaridade de ambos os pais, pela situação profissional e pela posição face ao rendimento. O nível de escolaridade da mãe foi selecionada como a variável socioeconómica que melhor previa o estatuto socioeconómico parental em toda a amostra deste estudo.
Fonte: observador.pt