O NOTÍCIAS MAIA falou com dois jovens, um deles homossexual e o outro trangénero, para compreender o preconceito e intolerância a que ainda estão sujeitos.
Celebra-se hoje, a 17 de maio, o Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia.
Num dia que nos lembra a ser mais tolerantes e empáticos, o NOTÍCIAS MAIA falou com dois jovens para conhecer as histórias de quem vive diariamente com o preconceito e a intolerância.
O José tem 21 anos e é homossexual. Vasco Ribeiro tem 19 anos e é transgénero. Falámos com ambos por telefone e, apesar de histórias diferentes, encontramos um ponto em comum: ambos entendem que falta informação, que há uns anos a intolerância era maior, mas que há ainda um longo caminho a percorrer.
“Estava preso num corpo que não me pertencia”
Vasco tem 19 anos e é transgénero. Conta-nos que “não sabia o que era uma pessoa transsexual” até, aos 16 anos, ter visto um programa na televisão que abordava a Transfobia.
“Nesse mesmo dia assumi-me como transsexual e percebi o que se andava a passar comigo”, explica. Disse à mãe que era transsexual e que “queria fazer a transição de mudança de género”. A mãe respondeu-lhe que “já sabia”. Conta-nos que sempre teve o apoio da família mas que “houve tempo de habituação”.
Sobre episódios de violência que tenha sofrido, o jovem garante que são mais verbais e muito deles na Internet. “Chama-nos nomes como aberrações e monstros”, disse.
Vasco nasceu num corpo feminino, mas explica-nos que “estava preso num corpo que não me pertencia”. “Eu sempre fui um homem, a vida toda, desde que nasci”, disse ainda.
Aos 16 anos começou a tomar bloqueadores hormonais e, aos 18, iniciou os tratamentos hormonais com injeções de testosterona, que terá de levar a vida toda. “É uma batalha contínua mas cada vez mais me sinto eu”, desabafa.
Sobre o caminho que a sociedade tem de percorrer para ser mais tolerante, Vasco diz-nos que “há ainda há muita falta de informação” e muita “falta de empatia”.
“Eu sei que nem todas as pessoas vão aceitar, só peço que me respeitem”, conclui.
“É as pessoas poderem gostar de quem gostam sem terem problemas, andar de mãos dadas”
José tem 21 anos e é homossexual. Conta-nos que o primeiro episódio de violência verbal que sofreu foi quando tinha pouco mais de 10 anos. Os colegas chamavam-lhe nomes como “paneleiro” ou “bicha”, quando ainda “nem sabia o que isso era ou o que queria”.
O jovem explica que “havia dias em que chorava na escola” e que, de certa forma, teve de se habituar a ser apelidado de uma forma que ele nem sabia o que significava.
Conta-nos que só aos 17 e 18 anos é que começou a falar com a família e com os amigos sobre aquela que era a sua orientação sexual. “A partir do momento em que as pessoas mais importantes para mim sabem da minha orientação, eu não tenho de esconder a ninguém porque não preciso de aprovação”, explica.
José garante que atualmente está “totalmente resolvido” mas que, em certos ambientes, como no trabalho, tenta “esconder”.
Sobre o caminho que a sociedade tem de percorrer para ser mais tolerante, o jovem diz-nos que “há uns anos era muito pior” e que “as coisas estão a evoluir, lentamente, mas estão”.
José entende que “as pessoas têm falta de informação” e que “associam a homossexualidade, a bissexualidade e transexualidade a uma coisa só sexual”. “É muito mais do que isso. É a relação entre as pessoas, é as pessoas poderem gostar de quem gostam sem terem problemas, andar de mãos dadas”, afirma.