A Socialis nasce em 2001, daquilo que foi a continuação de um projeto da Associação de Pais da Escola Secundária da Maia que apoiava jovens toxicodependentes. No início, a missão era ajudar os jovens carenciados e as suas famílias.
O NOTÍCIAS MAIA falou com o presidente Amilcar Freitas e com a diretora técnica Isabel Pinto para conhecer 19 anos de história e de trabalho social ativo. Hoje, a Socialis evoluiu e trabalha junto de toda a comunidade do concelho da Maia e concelhos vizinhos.
Notícias Maia (NM): Como e quando é que nasce a Socialis?
Amílcar Freitas (AF): É uma ideia que surge no ano 2000 e que se concretiza em 2001. Foi a continuação de um projeto que, na altura, estava na Associação de Pais da Escola Secundária da Maia e apoiava jovens toxicodependentes. Depois surgiu a ideia de criar uma associação que apoiasse a juventude. Uma associação de solidariedade social que, mais tarde, teve o título de IPSS e agora mantém várias atividades.
NM: Qual diriam ser a missão da Associação?
AF: No início era apoiar os jovens e as famílias de jovens carenciados. Neste momento estamos a evoluir para apoiar toda a população do concelho da Maia e concelhos vizinhos, desde que esteja dentro do alcance. Todas as respostas que temos são para jovens, crianças e imigrantes.
NM: É uma associação sem fins lucrativos? Todas as pessoas envolvidas neste projeto são voluntárias?
AF: É uma associação de carácter social, sem fins lucrativos onde os órgãos sociais e a direção são constituídos por voluntários. Mas as respostas da Socialis são dadas por técnicos que são profissionais pagos. São professores, psicólogos, assistentes socias, educadores sociais, entre outros. Atualmente trabalham connosco 18 colaboradores. Depois há ainda os voluntários que ajudam, mas sempre dentro daquilo que a lei permite.
NM: Como é que garantem a subsistência? São protocolos?
AF: Nas diversas respostas que temos, estão feitos protocolos com a Segurança Social onde é recebida uma verba para garantir este trabalho.
NM: Quais são os projetos atuais da Socialis?
Isabel Pinto: A Socialis tem, neste momento, três grandes respostas sociais que estão em execução.
Temos o Centro de Apoio à Vida (CAV), onde a resposta é dirigida a grávidas, mães e bebés em perigo. Este é um trabalho que é feito com as mães, os seus bebés e com as suas redes de proximidade. O grande objetivo é o ingresso no mercado de trabalho ou na escolaridade. Esta é uma resposta social numa localização na Maia, não divulgada por questões de segurança. Trata-se de situações onde estas mães e os seus bebés estão connosco por questões legais e para estarem protegidos.
O Centro de Atividades de Tempos Livres (CATL), que foi o projeto inicial e que trabalha todas as competências dos jovens através do desenvolvimento de atividades lúdicas, pedagógicas, recreativas. Esta é uma resposta que funciona no período pós-escolar.
Depois temos o Centro Local de Apoio à Integração do Migrante (CLAIM). Esta vertente trabalha com a comunidade migrante mediante as diferentes necessidades. É muito difícil a pessoa estar deslocada e, quando chega a país novo, é preciso apoio na legislação, na regularização, e na aprendizagem do português.
Além destes dois grandes braços da Socialis, há ainda uma resposta complementar que é o apoio alimentar. Nesta vertente são distribuídos cabazes de alimentos semanalmente, ou de 15 em 15 dias, a famílias que vamos acompanhando.
Em termos de números, são 70 famílias que recebem alimentos, 60 alunos no CATL, 5 mães e 5 bebés no CAV, às que juntamos 20 a 30 que já lá não estão mas continuamos a acompanhá-las e uma média de 300 a 350 imigrantes por ano.
NM: Como é que as pessoas chegam até à Socialis?
AF: Depende da resposta social. No caso dos imigrantes há uma procura direta e, como o serviço é gratuito, a palavra vai passando. Este CLAIM é o único do concelho da Maia, por isso acabamos por ser sempre muito procurados e, muitas vezes, ajudamos também pessoas de outras localidades. Depois, como trabalhamos em rede e em parceria, acabamos por ser somos sinalizados. A Socialis tem ainda um trabalho, junto das escolas em outros eventos, de sensibilização para a multiculturalidade.
IP: No caso o CATL também funciona pela referência de quem nos conhece. Normalmente a lotação está sempre esgotada porque a Segurança Social tem uma tabela de preços para este tipo de centros e onde o pagamento funciona de forma proporcional ao rendimento da família. Esta é a única resposta que é comparticipada e, por ser proporcional ao rendimento, atrai população com rendimentos muito baixos. No Centro de Apoio à Vida, as pessoas que lá estão são direcionadas por autoridades competentes de forma a estarem protegidas e resguardadas.
NM: Qual é a maior dificuldade em levar a cabo um projeto destes?
AF: Diria que é o facto da segurança social não cobrir os custos salariais na totalidade. Temos sempre de arranjar forma de chegar a esse valor, ou com donativos, com apoios ou através da comunidade.
NM: E como funciona o voluntariado que me falaram há pouco?
IP: Há o voluntariado espontâneo, que são pessoas da comunidade que nos procuram para oferecer ajuda e os voluntários que vêm através de parcerias com institutos universitários. A Faculdade de Medicina, por exemplo, tem uma cadeira onde os estudantes fazem voluntariado e temos muitos desses alunos aqui connosco durante um período de tempo.
AF: Aliás, durante o confinamento, foram estes voluntários que ajudaram a que os jovens do CATL não ficassem para trás nos conteúdos que não puderam aprender presencialmente. Estes miúdos acabam por ser mais prejudicados porque, muitas vezes, não têm um apoio familiar que os ajude e os impulsione nos estudos.
NM: Para terminar, o que é que vos deixa com sentimento de missão cumprida?
IP: O feedback dos utentes e a satisfação de ver que muitos deles a conseguir atingir os objetivos a que se propuseram. É muito bom saber que contribuímos para a integração e para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
AF: Ficamos muito agradados quando antigos alunos do CATL querem ser nossos voluntários e vir ajudar os colegas. Pessoas que acolhemos no CAV, mães com bebés, vêm aqui e dizem que estão bem e que estão integradas. Muito imigrantes também vêm novamente agradecer a ajuda e serviço que prestamos.
A Causa da Criança alerta para falso peditório em nome da instituição