Recentemente, ficamos a saber de que a TAP vai retomar a atividade – interrompida pela pandemia da covid-19 – com 71 rotas a partir do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, e com apenas três – repito, três! – com partida do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Maia.
A Região Norte, composta por 86 municípios e 1426 freguesias, significa cerca de 35 % da população nacional – perto de 3,6 milhões de habitantes – e mais de 3 milhões de eleitores.
Ao Norte se devem 40 % das exportações, a criação de riqueza correspondente a 30 % do PIB e muitos impostos redistribuídos em favor de todas as regiões. É no Norte que se concentram o maior número de empresas e é no Porto que está sediada a Associação Empresarial de Portugal.
É também no Norte que desde 2008 o turismo mais vem crescendo. O Porto já foi considerado o melhor destino europeu e em catorze anos o aeroporto Francisco Sá Carneiro, localizado na Maia, foi premiado treze vezes na categoria de cinco a 15 milhões de passageiros dentro da região Europa.
No Norte, está também em franca expansão uma “coisa” designada Eurorregião da Galiza-Norte de Portugal, sendo a primeira eurorregião da Península Ibérica e responsável por gerir fundos europeus e projetos de cooperação. Para além disto, aplica o Plano de Investimentos Conjuntos da Eurorregião, com um financiamento de 100 milhões de euros e onde o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, o maior aeroporto do noroeste da Península Ibérica, desempenha um papel muito relevante na afirmação desta região comum.
Aliás, importa ainda referir que a Área Metropolitana do Porto (localizada na Região Norte do país) composta, atualmente, por 17 municípios é sede dos mais importantes grupos económicos nacionais, como é o caso da SONAE, EFACEC, Corticeira Amorim, Porto Editora e UNICER.
Por fim, importa referir que o Aeroporto Francisco Sá Carneiro não é da Maia, do Porto, ou do Norte do País. É verdade que ele serve preferencialmente os interesses desta região, mas numa estratégia integrada de crescimento de um país que se quer uno, a “voar” para o mesmo lado e não em rota de colisão.
Face a estes factos, não conseguimos compreender, nem tampouco aceitar a decisão da TAP. Aliás, esta decisão, porque prejudicial não só para os interesses da região, mas do próprio país, consubstancia um crime de lesa-pátria.
Se a TAP não reverter esta decisão a sua única rota será a rota de colisão com o Norte de Portugal.
Ps. A este respeito, importa que a Área Metropolitana do Porto tenha a capacidade de falar a uma só voz, colocando os superiores interesses dos cidadãos à frente dos interesses partidários e particulares.
Em 1991, num debate com Narciso Miranda a propósito da liderança da recém criada Área Metropolitana do Porto, Vieira de Carvalho afirmou que era “necessário distinguir se a AMP vai ser um palco para falar ou um espaço de intervenção para a resolução dos problemas concretos da população”. Pois é, estou a pensar o mesmo…
Bruno Bessa,
Presidente da JSD Maia
1 comentário
Prezada.
Esse comentário “lesa a Pátria” se baseia em exatamente, qual crime?
Porque em nenhum momento de seu artigo é citado com transparência o que realmente considera como algo que a mim pareceu algo catastrófico.
Desculpe, a ignorância, mas acho que um comentarista deveria ser mais audácioso ao fazer tais alegações baseando-se em um posicionamento mais robusto e não simplesmente trazer mais medo e confusão a vida já tão trêmula como a do povo do Norte.