A presidente da Junta de Freguesia Cidade da Maia, Olga Freire, participou recentemente no Fórum Internacional de Comunidades e Cidades “Cimeira de Presidentes de Câmara, Cidades Unidas para o Futuro”, em Kyiv, capital da Ucrânia.
Na sua deslocação à Ucrânia, Olga Freira visitou Irpin, onde foi possível ver os prédios do complexo residencial “Irpinski Lippy” completamente destruídos e desertos. Seguiu depois para um cemitério de carros destruídos na mesma cidade, que foram utilizados pelos moradores da região de Kyiv na tentativa de fugir da ocupação russa, mas que acabaram por ser alvejados pelos invasores.
Já em Bucha, a delegação europeia visitou a Igreja do Apóstolo André, onde foram expostas fotos de moradores locais torturados. Junto à igreja, fica ainda o local onde costumava existir uma vala comum das vítimas dos invasores russos.
Além de Olga Freire, presidente da Junta de Freguesia da Cidade da Maia e vice-presidente da ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias, também estiveram em Kyiv o presidente da Área Metropolitana do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, os vice-presidentes, Jorge Sequeira, também presidente da Câmara de São João da Madeira, e Sérgio Humberto, que preside à Câmara da Trofa, bem como os autarcas de Mourão, João Fortes, e do Peso da Régua, José Manuel Gonçalves.
Neste Fórum, que aconteceu nos dias 19 e 20 de abril, marcaram ainda presença altos funcionários ucranianos, políticos de todo o mundo, economistas, assim como o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg e o próprio chefe de estado ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O NOTÍCIAS MAIA entrevistou a autarca, no seu regresso à Maia.
NOTÍCIAS MAIA: Olga Freire, pode falar-nos sobre a sua participação no Fórum Internacional de Comunidades e Cidades, em Kyiv?
OLGA FREIRE: Fui convidada pela Embaixada da Ucrânia na República Portuguesa para participar no Fórum Internacional de Comunidades e Cidades “Cimeira de Presidentes de Câmara, Cidades Unidas para o Futuro”. Durante o Fórum, foram discutidos vários assuntos, como a necessidade de apoio da NATO não só para fins bélicos, mas também na reconstrução das infraestruturas e edifícios destruídos. Foi um momento importante para reforçar a solidariedade entre as cidades e as comunidades.
NOTÍCIAS MAIA: Como foi ver os resultados da guerra na Ucrânia de perto, fruto da invasão russa?
OLGA FREIRE: Foi uma experiência emocionante e triste ao mesmo tempo. Ver um cenário bélico ao vivo, é muito diferente de assistir na televisão. Fiquei impressionada com a humildade do povo ucraniano e agradecido por todas as ajudas que têm recebido. É um povo que merece todo o apoio.
NOTÍCIAS MAIA: O que foi mais marcante para si durante a sua visita à Ucrânia?
OLGA FREIRE: Fiquei impressionada ao passar em zonas muito afetadas, como Bucha, e não ver destroços no chão. Isso mostra que eles estão a trabalhar muito bem na reconstrução e que são um povo que merece ser ajudado. Além disso, fiquei sensibilizada com a tristeza e impotência dos ucranianos em relação à guerra, e acho que ninguém realmente compreende o porquê de uma guerra acontecer.
NOTÍCIAS MAIA: Qual a sua opinião sobre a reconstrução do que foi destruído pela invasão russa?
OLGA FREIRE: A reconstrução é essencial para a vida dos ucranianos e, por isso, os participantes do Fórum Internacional partilharam ideias sobre como reconstruir os edifícios da era soviética de forma mais moderna e sustentável. Precisamos de responder aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, tendo em conta a importância da água e do ambiente, para conseguirmos um futuro mais justo e digno.
NOTÍCIAS MAIA: Quais as lições que podemos tirar da situação na Ucrânia?
OLGA FREIRE: Devemos dar valor às pequenas coisas da vida e perceber que muitas vezes achamos que temos problemas, quando na realidade não temos. Temos de lutar todos os dias para sermos melhores e, acima de tudo, sermos solidários uns com os outros. Há situações bem piores do que a nossa, mas as pessoas não baixam os braços.