A Câmara Municipal apresentou o primeiro Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo, que pretende ser uma matriz para o setor no concelho, razão para Paulo Ramalho conceder uma breve entrevista ao NOTÍCIAS MAIA.
Paulo Ramalho é Vereador na Câmara Municipal da Maia, responsável pelos Pelouros do Desenvolvimento Económico, Relações Internacionais, Assuntos Jurídicos e Turismo. Nas últimas semanas colocou em execução o Plano de Apoio à Economia Local e viu ser aprovado um plano que pretende dar o pontapé de saída no desenvolvimento do turismo no concelho.
Noticias Maia: Qual a razão que levou o executivo camarário a realizar um Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo? Sendo que o concelho da Maia nunca foi conhecido sequer como tendo especial atratividade turística?…
Paulo Ramalho: É certo que o turismo não é a realidade que mais notoriedade oferece nesta altura ao nosso território. Não tenho dúvidas que a economia, o ambiente, o desporto, a qualidade de vida e a qualidade e dimensão das nossas infraestruturas e equipamentos, são seguramente as realidades pelas quais a Maia é mais reconhecida. Mas tenho a certeza que o nosso território é portador de um conjunto de ativos com elevado potencial para atrair pessoas, inclusive de outras geografias. E entre esses ativos não estou a contabilizar apenas equipamentos como o Mosteiro de Moreira, a Quinta dos Cónegos, a Torre do Lidador, o Aeródromo de Vilar de Luz, o Hipódromo de Silva Escura, o Parque Zoológico da Cidade da Maia ou o Parque de Avioso, mas também experiências como a gastronomia, os caminhos de Santiago ou o paraquedismo, e eventos como o Festival de Teatro Cómico, a Feira de Artesanato, a World Press Photo ou o Torneio Internacional de Ténis Maia Open. Estou a dar apenas alguns exemplos, mas sempre me pareceu que tudo isto, devidamente articulado e alimentado por uma boa estratégia poderia acrescentar muito valor ao território, e em particular à nossa economia local. E se antes me parecia, depois de construído o Plano Estratégico, posso dizer que fiquei com a certeza. E acho que ficamos todos na Câmara, pois o plano foi aprovado por unanimidade. Por outro lado, não podemos esquecer que o Aeroporto Internacional Sá Carneiro está instalado precisamente na Maia e que todos os dias chegam ao nosso concelho centenas de pessoas oriundas das mais diversas geografias em visita às nossas Zonas de Acolhimento Empresarial, permanecendo muitas delas por vários dias no nosso território.
Noticias Maia: Mas a ambição da Maia é competir com os municípios vizinhos, e designadamente com o Porto, a nível turístico? Que papel está reservado à Maia?
PR: Obviamente que não, nem sequer faria qualquer sentido. A Maia pretende antes de mais, estar devidamente integrada na estratégia da região, promovendo ofertas complementares e afirmando os seus produtos endógenos. O que não quer dizer que prescindamos de ter um papel ativo na estratégia da região e muito menos de defender os interesses específicos do nosso território. Pelo contrário, temos até a ambição de posicionar a Maia como a porta de entrada no Porto e Norte. O turismo de negócios e o turismo industrial são realidades que foram desde logo identificadas, mas o facto da Maia ser uma espécie de território rural às portas da cidade está-nos a conduzir para novos desafios, e o projeto “Saberes e Sabores da Maia” é já um muito bom exemplo deste nosso potencial endógeno, como vão ser, seguramente, os percursos e trilhos rurais em que estamos a trabalhar. Temos a convicção de que podemos ser um destino capaz de oferecer experiências com elevado grau de autenticidade e sustentabilidade. Sendo que o nosso horizonte de intervenção passa também pelo território da Galiza, onde estamos a desenvolver um conjunto de ações em parceria com o Eixo Atlântico. Por outro lado, gostava de acrescentar que temos também a ambição de promover o nosso território e os seus ativos junto dos próprios maiatos, que frequentemente desconhecem o que de bom existe e se passa no espaço territorial a que pertencem.
Noticias Maia: Como foi elaborado este Plano Estratégico?
PR: Este Plano Estratégico foi construído com os contributos de um número muito alargado de atores do território. Ouvimos representantes de toda a fileira do turismo, desde a hotelaria, a restauração, as empresas de eventos, às agências de animação turística, as juntas de freguesia, diversas unidades orgânicas da Câmara Municipal, associações e coletividades do concelho, IPMaia, ISMAI, Associação Empresarial da Maia, Cooperativa Agrícola, Eixo Atlântico, bem como a própria Entidade Regional Turismo Porto e Norte de Portugal. Foi um processo longo e muito discutido, pelo que este Plano Estratégico, para além das nossas ideias, expressa muito daquilo que foram as sugestões apresentadas pelos diversos atores do território. E nem poderia ser de outra forma, pois para além deste Plano ter a ambição de tornar o nosso território mais atrativo, pretende também acrescentar valor aos atores económicos do concelho ligados à fileira do turismo. Por outro lado, este Plano não se destina a promover apenas a cidade da Maia, mas todo o território do concelho, pelo que tentamos promover todos os principais ativos materiais e imateriais de todas as dez freguesias.