A Associação Atlética de Águas Santas nasceu em 1962 pela vontade de um grupo de amigos. Neste clube o andebol é rei e, atualmente, a equipa sénior é presença assídua nos primeiros lugares do campeonato nacional.
O Águas Santas terminou e época em 5º lugar mas, para o ano que vem, o objetivo é alcançar o 4º lugar e aspirar às competições europeias. Apesar da competitividade desta equipa sénior, a formação assume ainda um papel essencial nesta equação. São 130 miúdos que, aos 5 e 6 anos, já se podem iniciar na modalidade.
O NOTÍCIAS MAIA falou com Leal Martins, atual presidente do clube, para conhecer a história desta instituição e os objetivos pelos quais se luta anualmente. Aos 69 anos, Leal Martins conta com quatro anos de presidência e com quase 20 anos entre direções. Mas a grande ligação afetiva com o clube vem dos tempos em que ajudou a construir o pavilhão e dos jogos que ali fez nas camadas jovens.
Notícias Maia (NM): Como é que nasceu o Águas Santas?
Leal Martins (LM): Foi pela vontade de um grupo de amigos. Nós estávamos todos a estudar e decidimos fundar o clube. A ideia foi desde logo o andebol para escapar um bocadinho àqueles tempos onde só se pensava no futebol.
NM: Dizia-me há pouco que fez parte da construção do pavilhão.
LM: Sim, nós fomos construindo aos poucos e, na altura, tivemos algumas pessoas que nos ajudaram. O terreno era propriedade do senhor Serafim Coutinho que nos facultou o espaço por um pagamento muito suave. Depois fomos angariando mais fundos com uns eventos e, aos poucos, íamos fazendo o pavilhão. Até lá, treinava-se e jogava-se ao sol e à chuva (risos).
NM: Qual é a vossa maior aposta? A formação ou a equipa sénior?
LM: Uma coisa não pode estar dissociada da outra. A formação é e terá de ser sempre a vertente principal porque não temos capacidade de ir buscar atletas a outros clubes. Contudo, os seniores também funcionam como um cartão-de-visita e, de certa forma, uma atração para o clube. Ter uma equipa minimamente competitiva faz com que mais jovens queiram fazer parte. Esta dualidade não se pode quebrar.
NM: É difícil segurar jogadores com alguns anos de casa?
LM: É muito difícil porque nós quase que funcionamos como barriga de aluguer. Treinamos e preparamos um atleta durante sete ou oito anos e depois vem um clube grande e leva-o. Este ano, por exemplo, perdemos assim cinco jogadores. E nós compreendemos que os jovens querem ir jogar nos clubes maiores.
NM: É possível jogar e competir com clubes como Porto, Sporting e Benfica?
LM: Esses clubes têm outras condições e orçamentos que o Águas Santas não tem. Agora, nem sempre ter orçamentos é condição para se conseguir resultados. O Águas Santas, apesar de ser um clube pequeno, tem uma boa organização e ótimas estruturas. Em termos de condições de trabalho não fica nada a dever a esses clubes maiores, principalmente nas camadas jovens.
NM: Quais as maiores dificuldades com que o clube se debate?
LM: O debate acaba por resumir-se sempre à mesma situação que é a angariação de apoios. A situação económica do país não é a melhor e, quando assim é, as empresas também se retraem um bocado. Felizmente nós temos gerido bem o clube com os apoios que temos, inclusive o apoio camarário que todos os clubes da Maia têm.
NM: O pavilhão é vosso?
LM: Sim, o pavilhão é nosso. Traz-nos mais despesas mas dá-nos uma liberdade maior porque não estamos condicionados com horários.
NM: E conseguem que todos os escalões treinem no mesmo local?
LM: Conseguimos. Às vezes temos os horários mais sobrecarregados mas temos conseguido fazer essa gestão. O ideal seria cobrirmos o recinto exterior que temos ao lado do pavilhão e é aliás uma ambição nossa. Vamos ver se conseguimos apoio da Câmara para fazer isso.
NM: A equipa terminou a Liga em 5º lugar. Era este o objetivo?
LM: Os três primeiros lugares nunca se alteram muito. Nesta realidade, a nossa aspiração nunca poderá ir muito mais além do 4º lugar.
NM: Quais são os objetivos para a próxima época?
LM: Fazer uma belíssima campanha e lutar por esse 4º lugar. Queremos jogar uma competição europeia e levar o nome da Maia mais longe. Vencer a Taça de Portugal também está nos nossos horizontes.
NM: Para terminar, houve um corte de relações institucionais com o Vitória de Setúbal, fruto da decisão de um jogador assinar pelo Águas Santas quando haveria já um pré-acordo com o Vitória. O que aconteceu?
LM: É muito simples. O António Campos já tinha jogado connosco e, na altura, eu até o libertei para ele ir jogar para o Madeira SAD. Ora, o nosso atual guarda-redes precisou de deixar de jogar por questões de saúde do filho e nós também não nos opusemos. Mas ficámos a precisar de um guarda-redes sem estarmos à espera. Isto foi em fins de maio. Perante esta situação, e precisando de um guarda-redes, contactamos o Tó (António Campos) e questionamos se ele tinha contrato. Dizendo-nos ele que não tinha contrato, nada o impedia de assinar connosco, e assim foi. Eventualmente parece que o Setúbal teria anunciado no início de maio umas cinco contratações onde estaria também o Tó. Acontece que no início de junho o jogador nos diz que não tem contrato assinado, o que é desde logo estranho. Se fosse eu o jogador, também acharia que o clube já não teria interesse. Lamentamos esse corte de relações mas temos a consciência tranquila. Se soubesse que havia um pré-acordo, teríamos procedido de forma diferente.