Estudantes de Medicina manifestaram-se, na passada quarta-feira, contra a criação de um curso de Medicina na Universidade Fernando Pessoa, no Porto.
A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) disse, em comunicado, estar “profundamente desagradada e desiludida” com a acreditação do Mestrado Integrado em Medicina na Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade Fernando Pessoa, no Porto.
Vasco Cremon de Lemos, presidente da associação, diz que estas decisões políticas tomadas de forma sucessiva visam a deterioração da qualidade da formação médica e do atendimento aos doentes. Para além disso, a associação acredita que aumentar o número de cursos e consequente número de alunos não irá resolver os problemas existentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Ao aumentar o número de estudantes de Medicina, vamos assistir a uma degradação da formação médica dos futuros profissionais de saúde, que vão ter menos oportunidades para a prática clínica, menos contacto com os doentes e realizar um menor número de técnicas e procedimentos durante a sua formação”, critica Vasco Cremon de Lemos, citado no comunicado.
Para a ANEM, aumentar o número de estudantes de Medicina também não resolve os atuais problemas do SNS, “uma vez que este crescimento, que assenta essencialmente na atração de estudantes internacionais (80%), não se vai traduzir num maior número de profissionais de Saúde no Serviço Nacional de Saúde”.
Na visão dos estudantes, “estas decisões são tomadas sem que haja previamente um diagnóstico efetivo da Saúde em Portugal e um planeamento racional, no curto, médio e longo prazo, dos recursos humanos e financeiros”.
O núcleo estudantil alerta ainda para que a abertura deste novo curso aparece numa zona geográfica que já conta com três faculdades de medicina, em que entram 500 alunos novos todos os anos e colocam mais de 1700 em ensino clínico nas unidades de saúde da região.
Para o presidente da ANEM, não existem “motivos racionais” para abertura deste curso, e os argumentos apresentados “constituem um engodo, promovendo ideias erróneas de que estão a resolver-se problemas estruturais da Saúde”.