A pintora Paula Rego, uma das mais célebres artistas portuguesas, reconhecida internacionalmente, faleceu na manhã desta quarta-feira, dia 8 de junho, em Londres, disse à agência Lusa fonte próxima da família.
Em declarações à agência Lusa, o galerista Rui Brito garantiu que a artista “morreu calmamente em casa, junto dos filhos”.
Maria Paula Figueiroa Rego, nascida a 26 de janeiro de 1935 na capital de Portugal, numa família tradicionalmente republicana e liberal, desenvolveu o seu gosto pelo desenho e pela pintura ainda quando era uma pequena criança, um talento que lhe foi prontamente reconhecido pelos professores da St. Julian´s School, em Carcavelos.
Aos 17 anos, partiu para a Slade School of Art, na capital inglesa, Londres, mas apenas mais tarde é que se fixou em definitivo no país. Foi em solo britânico que viria a conhecer o seu futuro marido, o artista inglês Victor Willing, cuja obra Paula Rego exibiu por várias vezes na Casa das Histórias, em Cascais.
A Casa das Histórias, que abriu em Cascais em 2009, detém um acervo significativo dos trabalhos da autora, e tem vindo a apresentar exposições sobre o seu trabalho ou de outros, sobretudo de colegas artistas nacionais com quem teria afinidades.
Tradicionalmente, a pintura de Paula Rego é à base imagens típicas da infância, por vezes fetichistas e até traumáticas, relacionadas com a violência, sendo que os animais são frequentemente os protagonistas da sua linguagem artística.
Contudo, nas últimas décadas Paula Rego variou um pouco nas suas ideias de “óleo na tela”, e abordou temas políticos, como o abuso de poder, e sociais, como o aborto, temas relacionados com o universo feminino. O seu trabalho foi influenciado pelos contos populares, mas também pela literatura portuguesa, nomeadamente pela escrita de Eça de Queirós, com os livros “A Relíquia” e “O Primo Basílio” a servirem de inspiração para alguns quadros pintados pela artista.
Em 2010, foi ordenada Dama Oficial da Ordem do Império Britânico pela rainha Isabel II e, em Lisboa, recebeu o Prémio Personalidade Portuguesa do Ano atribuído pela Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal.
A 25 de março de 2017, eis que surge o documentário “Paula Rego: Secrets and Stories”, do realizador Nick Willing, filho da pintora e de Victor Willing, estreado pela BBC, no Reino Unido, e depois em Portugal, em abril do mesmo ano.
Neste filme, Nick relata a vida da mãe de forma intimista, como mulher e artista, a sua relação com o pai/marido, a grande dedicação à arte e as fases da vida onde sofreram várias dificuldades, nomeadamente económicas para cuidar da família, até atingir algum reconhecimento em Portugal e no Reino Unido.
De modo a recordar e honrar uma das célebres artistas portuguesas, o Governo vai decretar, em articulação com o Presidente da República, luto nacional pela morte da pintora Paula Rego, indicou hoje à agência Lusa fonte do Ministério da Cultura.