Os Hussaini Changiz deixaram o Centro de Acolhimento para Refugiados Afegãos – Francisco e Jacinta Marto, em Fátima, e passaram a viver numa casa no Castelo da Maia, esta quinta-feira, dia 6 de janeiro.
A família, em que o membro mais mais novo tem apenas 5 anos e o mais experiente tem 55, foi obrigada a fugir de Cabul e chegou à Maia através da Associação de Proprietários da Urbanização de Vila D’Este, que, enquanto instituição de acolhimento, transportou mais duas famílias daquele país para habitações no Freixieiro, em Matosinhos, e Oliveira do Douro, em Vila Nova de Gaia, num total de 15 refugiados afegãos instalados em casas do Grande Porto.
A família de refugiados afegã “terá durante um ano habitação e subsistência garantida por um fundo da plataforma de apoio a refugiados e dos jesuítas”, explicou António Moreira, responsável daquela associação, à Lusa.
“Esperamos que ao fim desse ano tenham autonomia social e profissional para que se possam autonomizar”, disse, depois de frequentarem o curso ‘Português para todos'” para adquirirem capacidade de integrar o mercado de trabalho e obter a autonomia no prazo definido.
Na carrinha que viajou desde Fátima lotada com as malas que conseguiram trazer quando fugiram de Cabul havia hoje “um cabaz de alimentos”, uma espécie de boas-vindas aos Hussaini Changiz na chegada à Maia. A partir de hoje, “a gestão passa a ser deles”, frisou António Moreira.
Shahreza, de 16 anos, fala inglês e foi porta-voz da família no contacto com a Lusa. Conta que estão em Portugal “há dois meses”, depois fugirem do Afeganistão pela “Geórgia antes de rumarem a Lisboa”, num trajeto onde, assinalou, tiveram o “apoio de um norte-americano”.
“Desde que chegámos a Portugal conhecemos várias pessoas que foram boas para nós e nos ajudaram e a quem agradeço”, confessou o único filho do sexo masculino da família.
Shahreza disse que “quer jogar futebol no FC Porto, prosseguir os estudos e seguir para a universidade para se tornar uma boa pessoa para Portugal”.
O jovem confessou ainda esperar poder voltar um dia ao seu país de origem, mas já considera Portugal a sua “segunda casa”. “Estou muito contente, ao fim de quatro meses temos a nossa casa e é aqui que quero recomeçar a minha vida”, disse, minutos depois de tomar contacto com a sua nova habitação e ficar surpreendido com o número de galinhas, garnizés e patos existentes no quintal da casa.
Para facilitar a transição, tiveram a recebê-los a família de Zaher, também refugiada, mas da Síria, e há um mês ali alojada.
“Estou aqui há um mês. É bom ter aqui uma nova família, amigos”, começou por dizer à Lusa enquanto ajudava a descarregar a carrinha acabada de chegar.
Em agosto de 2021, após a retirada das tropas americanas do Afeganistão, o regime talibã tomou o país, provocando uma onda de refugiados.