Uma família residente em Ermesinde, concelho de Valongo, vive há sete meses sem água canalizada, enfrentando ameaças diárias e falta de resposta eficaz das entidades responsáveis, após o rés-do-chão do edifício ter sido ocupado ilegalmente por várias pessoas de etnia cigana.
Um caso está a gerar indignação no concelho de Valongo, onde uma mulher e a filha de 13 anos vivem sem acesso a água canalizada desde novembro de 2024. A situação, revelada numa reportagem televisiva do canal Now, envolve ligações clandestinas à rede de água, intimidação por parte de vizinhos e alegada inação das entidades públicas.
A família vive num pequeno apartamento arrendado desde 2018, depois de um percurso marcado por problemas de saúde e episódios de violência doméstica. A situação começou a deteriorar-se quando o rés-do-chão do edifício foi ocupado ilegalmente por várias pessoas de etnia cigana . Desde então, a residente tem sido alvo de barulho constante, ameaças e pressões para abandonar a habitação.
Segundo a reportagem do canal Now, em maio de 2023, a família recebeu uma fatura de água superior a cinco mil euros. Meses depois, o valor acumulado chegou aos 20 mil euros. Uma auditoria confirmou que duas ligações clandestinas haviam sido feitas a partir da sua ligação, originando o consumo indevido. Apesar disso, o problema foi remetido para o senhorio, que não tomou qualquer medida. O fornecimento de água foi cortado em novembro.
Desde então, mãe e filha vivem recorrendo a garrafões de água e ao apoio de um vizinho, que as leva duas vezes por semana até uma fonte pública. A situação foi denunciada em assembleia de freguesia e discutida num programa televisivo com a presença de representantes da junta, de juristas e da jornalista responsável pela investigação. Enquanto algumas vozes apontam falhas na resposta das autarquias, a junta alega que se trata de um conflito de natureza privada, apesar de ter atuado em questões de saúde pública.
A Câmara Municipal de Valongo, presidida por José Manuel Ribeiro, confirmou, ao Jornal de Notícias, que foi realizada uma vistoria à habitação e que a família está inscrita para realojamento em regime de arrendamento apoiado, sendo esta uma situação prioritária.
Com o objetivo de sensibilizar a opinião pública e apelar a uma resposta mais célere, está agendada uma vigília no Parque Urbano de Ermesinde para o dia 25 de Abril, às 18h00. Os organizadores apelam à participação da população com velas e cravos vermelhos, símbolos da liberdade e dos direitos sociais.
Paralelamente, está ativa uma campanha de angariação de fundos para apoiar a família nas dívidas acumuladas e na procura de uma nova solução habitacional. Os promotores sublinham que este não é um caso isolado e que há muitas outras famílias na região a enfrentar dificuldades semelhantes no acesso à habitação.