A empresa com escritórios na Lionesa, fundada e liderada por José Neves, quer vender 37,5 milhões de acções entre 17 e 19 dólares, na oferta pública inicial (IPO) em Nova Iorque que ocorre esta semana.
Uma forte procura pelas ações levou gestores da operação a reverem em alta o intervalo de preços. Será a primeira grande empresa de tecnologia europeia a entrar em bolsa, depois da empresa de pagamentos holandesa Adyen, que dobrou o preço das suas ações após a entrada na Euronext de Amsterdão, neste verão.
Dado o interesse crescente dos investidores nas cotadas do sector tecnológico, a Farfetch vai entrar em bolsa a valer entre 17 e 19 dólares, avançou o Financial Times. Esta entrada poderá levar a tecnológica a angariar, ao preço máximo estimado, 712,5 milhões de dólares (609,8 milhões de dólares). O novo preço implica uma avaliação entre 4,9 mil milhões e os 5,5 mil milhões de dólares, ou seja, o correspondente a até 4,71 mil milhões de euros.
Uma vez que a operação ocorre nos EUA é praticamente impossível aos investidores nacionais participarem na operação. “Os investidores nacionais podem aceder ao IPO desde que tenham conta num intermediário financeiro que lhe permita essa participação, sujeitando-se ao rateio que vier a existir. No entanto, o cenário mais habitual é que os investidores nacionais só venham a negociar após a entrada em bolsa”, explicou em Agosto ao Negócios o analista Pedro Oliveira, da sala de mercados do Banco Carregosa.
Os principais rivais da Farfecth são a Yoox Net-a-Porter e a MatchesFashion. Segundo um documento apresentado a 20 de Agosto, a Farfetch tinha 935.772 clientes ativos a 31 de Dezembro, o que representou um aumento de quase 44% face ao ano anterior. No primeiro semestre deste ano, a Farfetch registou perdas de 68,4 milhões de dólares, um agravamento de 133% face ao período entre Janeiro e Junho de 2017. Ainda de acordo com o Finantioal Times, a gigante do comércio eletrónico da China JD.com e a Temasek, empresa de investimentos de Singapura, já realizaram investimentos que deram ao negócio uma avaliação implícita de mil milhões de dólares.
A empresa vai aparecer sob o símbolo FTCH — este será o ticker das ações comuns da empresa, as chamadas classe A. Irá haver, também, um segmento paralelo de ações — as ações de classe B — que vão ficar na posse de José Neves, o fundador, e que valem 20 direitos de voto cada uma.
Apesar de ser fundada por um português e ter sede em Londres, a Farfetch optou pela bolsa de Nova Iorque porque é nesse mercado que se concentra o maior número de investidores em empresas tecnológicas. Segundo o Financial Times, que não especifica onde obteve a informação, a estreia em bolsa deverá acontecer esta semana, ou seja, provavelmente na próxima sexta-feira, 21 de setembro.
O Goldman Sachs, JPMorgan, Allen & Co e o UBS são os responsáveis pela operação de entrada em bolsa.