Depois de se ter expressado publicamente a favor da decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos em revogar o direito constitucional ao aborto, Miguel Milhão, fundador da Prozis, centrou todas as atenções em Portugal, fazendo com que celebridades que são embaixadoras da sua marca se desvinculassem.
Tudo começou quando Miguel Milhão, decidiu escrever na rede social Linkedin: “Parece que os bebés por nascer recuperaram os seus direitos nos EUA! A natureza está a recuperar!”, numa publicação que entretanto apagou.
Após se ter gerada a polémica, várias celebridades que até ao momento eram parceiras da Prozis (maior empresa de nutrição desportiva da Europa), decidiram desvincular-se da marca., como foi o caso da apresentadora da RTP Rita Belinha e as atrizes Jéssica Athayde e Marta Melro.
“E assim chegou ao fim uma parceria. Não verão mais publicidade no meu Instagram a esta empresa [Prozis]. É uma questão de princípio. Os valores por detrás das empresas, para mim, são fundamentais na hora de escolher com quem trabalho”, escreveu Rita Belinha nas stories do Instagram.
“Todas as vozes vão ser necessárias neste momento tão grave em que o mundo regride à frente dos nossos olhos“, disse Jéssica Athayde na mesma plataforma.
Em declarações ao Jornal Negócios, Miguel Milhão revela-se triste por “passados estes anos todos, não se tenha liberdade para se expressar, e que as pessoas usem todas as ferramentas que possuem para te destruir, aos teus e a tudo o que representas, porque não pensam como tu. É uma ditadura das ideias, o mais perigoso tipo de ditadura”.
Apesar da polémica gerada em torno do empresário e de várias celebridades se terem desvinculado da marca, Milhão diz que recebe “seis vezes mais mensagens de apoio do que de escárnio”. “Os portugueses são incríveis… Só que estão amordaçados. Por isso, prefiro que me ataquem, que sou incancelável, por razões óbvias, do que outros portugueses”, rematou Miguel Milhão.
Em relação à publicação em questão, o fundador da Prozis disse que não estava “a falar das mulheres”, mas sim dos “bebés”, que “estão a ganhar direitos”.
“Se eu matar um idoso, o que é que lhe roubei? As experiências que ele ia ter até morrer de morte natural. E roubaria às outras pessoas a sua presença e a sua energia. Mas se matasse um jovem adulto, roubava muito mais experiências. Se eu matasse uma criança, roubar-lhe-ia aquilo tudo. E se matares o feto, matas tudo. Se roubares o embrião, matas isso tudo”, sustentou.
No final, durante o episódio do podcast interno da empresa “Conversas do Karalho”, o fundador da Prozis admitiu que “sabia que o pessoal ia reagir, mas não sabia que o pessoal ia ser tão agressivo”, o que, ainda assim, não o incomoda. “Não preciso de Portugal e não preciso da Prozis. Tenho recursos ilimitados. Não me faz espécie”, garantiu num tom provocatório. “A Prozis não precisa de Portugal, é uma empresa internacional. A Prozis será talvez a marca portuguesa mais conhecida fora de Portugal”, terminou o empresário.