O NOTÍCIAS MAIA falou com a Federação de Ginástica de Portugal para perceber quais são condições reais para quem quer competir.
Rita Ferreira é maiata e ginasta no Acro Clube da Maia. Em julho de 2021 foi notícia em todos os meios de comunicação por ter conquistado, com o seu par Rita Teixeira, o Campeonato do Mundo Ginástica Acrobática.
Sendo atleta sénior, tem alguns apoios da Federação de Ginástica de Portugal mas, ainda assim, há coisas que tem de continuar a pagar para poder competir. Ao NOTÍCIAS MAIA, a campeã do mundo explica que a mensalidade no clube e os fatos de competição continuam a ser suportados por ela e pela família.
A atleta conta que existem prémios monetários para quem chega ao pódio de competições internacionais, atribuídos pela Federação Internacional de Ginástica, mas que, mesmo assim, o valor não cobre o investimento anual feito pelos ginastas. “Perdemos dinheiro a praticar ginástica”, lamenta a ginasta.
Questionada sobre os apoios que recebe, a ginasta explica que, com a ajuda do seu treinador, está a tentar que a Federação de Ginástica de Portugal lhe atribua uma bolsa mensal para continuar a praticar ginástica. “Era importante ter uma ajuda para pagar as despesas”, acrescenta.
Em competições internacionais, por ser atleta sénior, a Federação de Ginástica de Portugal suporta os custos da deslocação. Mas o mesmo não acontece com as atletas mais jovens.
Qual é o apoio da Federação de Ginástica de Portugal?
No caso da deslocação de atletas juvenis e juniores a competições internacionais, a despesa tem de ser suportada por cada atleta. No caso da Competição Europeia Por Grupos, que acontece nos próximos dias quase em simultâneo com o Campeonato da Europa, o valor da participação de cada atleta ronda os 1100€.
Contactada pelo NOTÍCIAS MAIA, a Federação de Ginástica de Portugal explica que “as verbas disponíveis não são suficientes para se apoiar na mesma medida todos os escalões, apesar de existir uma grande vontade de fazer mais e melhor”.
Em termos de apoio à participação dos ginastas nos Campeonatos do Mundo e da Europa, “a Federação de Ginástica de Portugal apoia financeiramente a 100% a participação dos ginastas séniores, treinadores nacionais, juízes, chefes de delegação e fisioterapeutas”.
“Apesar dos constrangimentos financeiros, nos últimos anos tem-se realizado um trabalho no sentido de apoiar de outras formas os clubes e as Representações Nacionais”, continua a Federação, acrescentando que, nas deslocações dos mais jovens, “o custo da presença dos chefes de delegação, dos treinadores nacionais, dos juízes e dos fisioterapeutas é assegurado pela FGP”.
Ainda assim, os ginastas mais novos ficam com a maior despesa. Ainda que lhes seja cedido o fato de competição pela FPG, tudo o resto é suportado pelos pais.
O apoio da Câmara Municipal da Maia
Esta realidade não era tão preocupantes visto que, até então, o Acro Clube da Maia e a Câmara Municipal da Maia ajudavam a suportar essa despesa em cerca de 80% a 90%.
Ao NOTÍCIAS MAIA, Fernando Barros, presidente do Acro Clube da Maia, explica que “a Câmara tem ajudado sempre” em cerca de 50% das despesas nestas deslocações. Depois, a outra metade era dividida entre o clube e os encarregados de educação. Normalmente, segundo explica o presidente, o valor cobrado aos pais era de “150 a 200 euros por ginasta”.
Mas, com a pandemia, a não entrada de receita deixou o clube sem possibilidade de suportar essa verba. Ainda assim, segundo explica o responsável, a Câmara deverá manter o apoio até então.
No caso do Campeonato do Mundo, que aconteceu em julho de 2021, Fernando Barros explica que já recebeu informação de que a Câmara Municipal ajudará a suportar a deslocação.
A confirmação surge por parte da Câmara Municipal da Maia que, em resposta ao NOTÍCIAS MAIA, garante que “vai comparticipar a deslocação dos atletas com 8.223,18€, valor a ser aprovado em reunião de Câmara”.
Uma contribuição que não é incomum e que, segundo avança o município, se traduz em mais de 140 mil euros. “Relativamente ao Acro Clube da Maia, a Câmara Municipal da Maia tem estabelecido contratos-programa com o clube. De 2016 até ao momento, tais contratos-programa orçaram um valor total de 142.553,10€”, informa o município.
Ainda em resposta, o município explica que, neste caso em específico, para o Campeonato da Europa, “o Acro Clube da Maia ainda não solicitou à Câmara Municipal da Maia qualquer comparticipação mas está disponível para o fazer, como tem sido sua prática ao longo dos anos”. Neste sentido, Fernando Barros esclarece que o pedido informal está feito e que acredita que, como sempre, a Câmara Municipal da Maia contribuirá para pagar esta despesa.