O glaucoma é a segunda causa de cegueira no mundo, após a catarata, e é a principal causa de cegueira entre os afro-americanos. Trata-se de uma perturbação da dinâmica dos fluídos intra-oculares que determina a sua acumulação e, consequentemente, aumenta a pressão sobre as células nervosas que são fundamentais na nossa visão.
Pode ser classificado como glaucoma de ângulo aberto ou fechado e ambos podem ser primários ou secundários. No glaucoma de ângulo aberto, a pressão sobe devido a uma drenagem pouco eficiente do líquido ocular. No que respeita ao glaucoma de ângulo fechado, o ângulo entre a íris e a córnea é mais estreito que o normal, dificultando a drenagem do líquido ocular. O que diferencia o glaucoma primário do secundário, é que o segundo é provocado por outra doença que causa ou contribui para o aumento da pressão intraocular.
No entanto, nem todas as pessoas que sofrem de pressão intraocular alta desenvolvem glaucoma e muitas pessoas com pressão ocular normal também sofrem desta patologia. A este tipo de glaucoma designou-se glaucoma de baixa pressão, em que a pressão permanece dentro dos valores normais, mas o nervo ótico apresenta alterações.
O glaucoma de ângulo aberto, responsável por 90% dos casos, é assintomático e por vezes só é diagnosticado quando o campo visual já está alterado. Por sua vez, o glaucoma de ângulo fechado é sintomático podendo provocar dor severa e súbita no olho, náuseas, forte hiperémia, aparecimento de anéis coloridos em redor das luzes e visão turva.
Os homens têm uma maior probabilidade de desenvolver glaucoma primário de ângulo aberto em comparação com as mulheres. No entanto, as mulheres são mais propensas a desenvolver glaucoma de ângulo fechado do que os homens. Esta situação deve-se provavelmente a predisposição anatómica.
O diagnóstico de glaucoma é feito com base na PIO (pressão intraocular), defeitos no campo visual e alterações no nervo ótico. São mais propensas a ter glaucoma pessoas com historial de glaucoma na família, raça negra, com descolamento de retina, uso prolongado de medicamentos à base de corticoides e mais de 60 anos. Alguns estudos em curso, sugerem também que pessoas com miopias elevadas, diabetes, pressão arterial elevada e algumas doenças cardíacas, têm uma maior probabilidade de desenvolver glaucoma. Sendo que, quando a diabetes está associada a pressão arterial alta, a probabilidade de desenvolver o problema aumenta significativamente.
O glaucoma não pode ser prevenido e não tem cura, mas há tratamento quando é detetado atempadamente. O tratamento consiste na aplicação de medicação (gotas) e por vezes há a necessidade de recorrer a cirurgia.
Não há um tempo determinado entre o momento em que é detetado o glaucoma e o aparecimento de danos irreversíveis no sistema visual, como a cegueira. Tudo depende do estado em que o problema é detetado, da gravidade do problema e do tratamento a ser aplicado.
Estima-se que em 2020, em todo o mundo, aproximadamente 80 milhões de pessoas tenham glaucoma. É por isso de extrema importância o controle da doença e da sua progressão.
Caso esteja associado a fatores de risco, é importante que visite anualmente o seu oftalmologista ou optometrista.
Artigo assinado por Dra. Rafaela Direito
Optometrista Grupótico