O governo português já injetou mais de 3,6 mil milhões de euros na CP (Comboios de Portugal) desde 2015, um valor que ultrapassa a polémica injeção de capital de 3,2 mil milhões na TAP. Apenas este ano, o Orçamento do Estado prevê a entrada de mais de 1,8 mil milhões de euros para a empresa pública.
Essa situação gerou controvérsia, levando Miguel Pinto Luz a afirmar que o país está “empobrecido, sem rumo e enfrentando um futuro cada vez mais difícil”. O vice-presidente do PSD e vice-presidente da Câmara de Cascais acusou o governo, via Twitter, de deixar os “serviços públicos em caos” e de gerir a coisa pública com “despesismo”.
Este financiamento contínuo ocorre em um momento em que estão em discussão novos contratos de concessão não apenas para a CP, mas também para o Metro. No início de maio, a presidente do regulador dos Transportes, Ana Paula Vitorino, admitiu que “novos contratos de concessão já estão em andamento, nas mãos das respetivas empresas e submetidos às respetivas tutelas”.
No entanto, a ex-ministra socialista criticou alguns aspectos, incluindo os contratos da CP, Carris e Metro, bem como a aplicação da diretiva comunitária para o serviço público. Apesar disso, ela afirmou que existem salvaguardas impostas pelo governo, ou seja, “não sendo viáveis financeiramente, não é obrigatório garantir o serviço público”, argumentando que “não se pode discutir a obrigação de serviço público sem o respetivo financiamento”.
Além dos problemas de financiamento, há também planos de investimento neste setor. Em março, o ministro das Infraestruturas anunciou um foco na recuperação de material circulante e aquisição de novos comboios. A CP planeia reforçar sua frota com 117 novos comboios, dos quais 62 serão utilizados em serviços suburbanos e os restantes 55 para serviços regionais, substituindo as automotoras UTE 2240.
Também está prevista a criação de pelo menos uma nova fábrica para a construção de comboios da CP, que poderá criar até mil novos postos de trabalho.