As bolsas asiáticas e europeias registaram esta segunda-feira perdas expressivas, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar tarifas de 34% sobre produtos chineses, originando uma resposta agressiva de Pequim e o pânico nos mercados globais.
Os mercados financeiros internacionais enfrentaram esta segunda-feira, 7 de abril, uma das sessões mais turbulentas dos últimos anos, na sequência da imposição de novas tarifas por parte dos Estados Unidos sobre as importações. A medida, decretada pelo presidente Donald Trump, levou a uma forte retaliação por parte da China e desencadeou uma queda generalizada nas principais bolsas da Ásia e da Europa.
Na Ásia, o índice Nikkei 225 de Tóquio encerrou com uma queda de 7,9%, enquanto o Topix perdeu 7,7%. Em Hong Kong, o índice Hang Seng afundou mais de 13%, a sua pior queda diária desde 1997. A China continental também não escapou à tendência negativa: o Shanghai Composite caiu 7,3% e o CSI300 perdeu cerca de 7%. Taiwan viu o índice Taiex recuar 9,7%, com gigantes como a TSMC e a Foxconn a atingirem o limite de perdas permitido antes da suspensão das transações.
Na Europa, o índice DAX de Frankfurt abriu a cair 9%, e o FTSE de Londres perdeu cerca de 5%. No mesmo sentido, o índice Kospi da Coreia do Sul recuou 5,6% e o ASX 200 australiano fechou com uma queda de 4,2%.
De acordo com a CNN, a nova tarifa de 34% imposta por Washington sobre produtos chineses afecta setores-chave como os semicondutores e os veículos elétricos. A resposta de Pequim foi igualmente firme, aplicando tarifas de valor equivalente sobre todas as importações provenientes dos Estados Unidos. O People’s Daily, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, garantiu que a China tem “capacidade para resistir à pressão” e que dispõe de “contramedidas eficazes”.
As consequências da guerra comercial também se fizeram sentir nas matérias-primas. O petróleo Brent recuou mais de 2,4%, enquanto o crude dos EUA caiu 2,5%. Até o ouro, tradicional refúgio em tempos de incerteza, desvalorizou mais de 4%, situando-se nos 3.030 dólares por onça.
Nos Estados Unidos, os futuros das bolsas afundaram na noite de domingo, depois de dois dias de vendas que retiraram mais de 5,4 biliões de dólares em valor de mercado. A incerteza sobre o rumo da política comercial norte-americana levou o S&P 500 à beira de um mercado “bear”, caracterizado por uma queda de 20% em relação ao pico recente.
Donald Trump, questionado a bordo do Air Force One, rejeitou qualquer responsabilidade pela crise nos mercados. “Não crashámos os mercados intencionalmente. O que vai acontecer? Não sei. Mas o nosso país está mais forte”, declarou. O presidente norte-americano disse ainda estar disponível para negociar com a China e a União Europeia, mas exigiu que os parceiros comerciais resolvam os seus défices com os EUA.
Entretanto, líderes políticos de vários países reagiram. O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, anunciou a intenção de visitar os EUA para apelar à redução das tarifas, enquanto o presidente de Taiwan, Lai Ching-te, indicou que o seu governo irá negociar com Washington para eliminar tarifas e aumentar a compra de produtos norte-americanos.
Economistas do Barclays já começaram a rever em baixa as previsões de crescimento para as economias asiáticas mais expostas ao comércio externo, como a Coreia do Sul e Singapura, prevendo impactos duradouros se a escalada tarifária persistir.