O Centro Hospitalar do Conde de Ferreira (CHCF) retirou peças da instalação “Adoçar a Alma para o Inferno III”, dos artistas Dori Nigro e Paulo Pinto, devido às referências ao esclavagismo do patrono do hospital.
De acordo com o jornal Público, no dia 19 de maio, durante a inauguração da exposição “Vento (A)Mar”, nas instalações do antigo panóptico do hospital, foi ordenada a retirada da peça “Adoçar a Alma para o Inferno III” por alegadamente fazer alusão às práticas esclavagistas do Conde de Ferreira, que levou milhares de pessoas escravizadas de Angola para o Brasil, onde as vendeu aos proprietários dos engenhos de açúcar.
Os artistas alegaram não ter meios de transporte para remover as peças e estavam em plena inauguração da exposição. Como resposta, a sala que continha a peça foi selada durante a inauguração, utilizando um berbequim.
Os artistas e o diretor da Bienal consideraram esta ação como “um ato de censura à liberdade de expressão” e solicitaram a sua reabertura através de um comunicado de imprensa. O pedido acabou por ser atendido, com o CHCF a deixar exposta apenas uma pequena mesa com um açucareiro decorado com uma estampa do Conde de Ferreira.
Em declarações ao Público, os artistas afirmaram que o CHCF não os informou sobre a reabertura da sala e que parte das peças foi removida.