Abriu-se nova frente de combate no actual governo. Mais uma vez com a educação, desta vez de forma abrangente envolvendo professores, colégios e todos os profissionais que com eles trabalham.
O governo decidiu “cumprir a lei” (cito o Primeiro Ministro António Costa), e fechar todas as escolas que tenham oferta pública próxima disponível. Então, e de repente, caiu o Carmo e a Trindade. O ensino público tão voluntariosamente defendido por todos, passou a ser fraco, deficiente para todos aqueles que beneficiam do ensino privado financiado. Afinal as escolas públicas que distam cerca de 100 metros de algumas escolas privadas beneficiadas “não prestam” (cito manifestantes pro contratos de associação). Não são suficientemente boas. As economias locais dos colégios locais vão desaparecer, enfraquecer, porque segundo alguns autarcas, são a fonte de receita do município….
Antes de desenvolver a minha reflexão, não posso deixar passar em claro que há uns anos, quando se fecharam os contratos de financiamento para o ensino artístico, que até nem sequer tem oferta no ensino pública (pelo menos que eu conheça), nada disto aconteceu. Ouviram-se alguns desagrados, mas nenhum dos colégios/ manifestantes actuais se ouviu na altura! Esse teria sido o momento da grande manifestação, esse teria sido o momento de apoio, esse sim seria o momento certo para discordar, porque em democracia, os direitos e deveres dos cidadãos são iguais e transversais!
Mas voltando ao tema, efetivamente até posso concordar com pontos de vista dos manifestantes e do governo… No entanto, há para mim um princípio basilar: Havendo oferta pública, não faz sentido financiar privados. Para isso, e para ser justo então pense-se numa verdadeira politica neoliberal educativa e o estado patrocina cada aluno português dando liberdade para escolher o ensino que deseja. Claro que os públicos e privados estarão no mesmo patamar competitivo, mas as condições são iguais para TODOS! A seleção natural encarregar-se-á de fazer sobressair a melhor oferta educativa pública e privada.
Em Portugal investiu-se muito em escolas, em outros equipamentos escolares e todos nós cidadãos devemos e podemos usufruir deles. Foram durante anos bandeiras eleitorais fortes, que inclusivamente conduziram a vitórias e elogios rasgados.
Todos aqueles que acharem os padrões de ensino publico, as condições que oferece, a formação dos seus profissionais, o contexto socio económico insuficientes para os seus padrões de exigência, então pode e deve livremente optar por um serviço privado que entender pagando por esse serviço.
O que não se pode é defender constantemente a democracia e os seus ideais, depois afirmar-se Neoliberal, mas no fim apenas ser democraticamente conveniente…
Ricardo Filipe Oliveira,
Médico;
Doc. Universitário UP;
Lic Neurof. UP;
Mestre Eng. Biomédica FEUP ,
Não escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.