A mensalidade média dos contratos de crédito à habitação celebrados nos últimos 12 meses subiu, em média, 54,8%, de 378 euros para 585 euros, o valor mais alto desde janeiro de 2009. A informação foi revelada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) nesta quinta-feira.
A escalada das taxas de juro variáveis, indexadas à Euribor, tem impactado significativamente os orçamentos das famílias com crédito à habitação. A prestação média de todos os créditos, incluindo novos e antigos, subiu 106 euros para 370 euros, marcando um novo recorde.
Nos contratos recentes, a situação é mais crítica devido à elevação das taxas. Os contratos antigos, com mais de 10 anos, têm sido menos afetados, devido à amortização do capital.
A taxa de juro implícita sofreu um aumento significativo, passando de 0,964% em julho de 2022 para 3,715% no mês passado, o valor mais alto desde setembro de 2014.
A subida das taxas de juro está relacionada com o aumento da taxa diretora de referência do Banco Central Europeu (BCE), que em julho foi elevada para 4,25%. A medida tem como objetivo forçar a inflação média do bloco da moeda única a baixar para 2%. Ainda assim, o índice de preços está nos 5,3%, acima da meta de 2%.
A situação tornou-se mais complicada para os mutuários, pois os juros passaram a pesar, em média, mais de 65% na amortização mensal, enquanto no ano passado representavam apenas 25,7%. Isto significa que os mutuários estão a pagar mais ao banco, mas a saldar menos dívida.
Em julho do ano passado, da mensalidade média de 264 euros, apenas 17,42% correspondiam a juros. Atualmente, mais de metade (55,13%) destina-se ao pagamento de taxas, diminuindo o montante destinado à amortização da dívida efetiva.
Os mutuários deviam, em média, 63 555 euros em julho, um aumento de 3494 euros em comparação com o período homólogo e o valor mais alto em 14 anos. Nos créditos celebrados no último ano, o capital médio em dívida estava em 124 986 euros, uma subida em relação a um ano atrás, mas uma descida comparativamente com os meses anteriores.