O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, está no centro de uma controvérsia após suspeitas de ter exercido influência no Hospital de Santa Maria para o tratamento de duas gémeas brasileiras em 2019, de acordo com a TVI. A intervenção teria facilitado a administração de Zolgensma às meninas, um medicamento para Atrofia Muscular Espinhal reconhecido pelo seu alto custo, avaliado em quatro milhões de euros.
A transferência das bebés para Portugal com o intuito de receberem tratamento suscitou questões, após a mãe, Daniela Martins, relatar à TVI o envolvimento da família do Presidente e a consequente obtenção da nacionalidade portuguesa para as meninas. Segundo a mãe, contatos familiares com a nora do Presidente e a subsequente comunicação com a então ministra da Saúde, Marta Temido, teriam precipitado ações por parte do hospital a pedido de “ordens superiores”.
O Presidente, confrontado com as alegações, manifestou à TVI uma ausência de memória em relação a qualquer intervenção sua, negando ter favorecido o processo.
Ora então bom dia a quem está à espera de uma consulta ou cirurgia no SNS.
O Senhor Presidente da República já veio garantir que não interferiu na decisão de realizar o tratamento com custo de 4 milhões no Hospital de Santa Maria. Sendo assim, quem tomou a decisão de o…
— Rui Rocha (@ruirochaliberal) November 5, 2023
Este episódio trouxe à tona um descontentamento entre o corpo clínico do serviço de Neuropediatria e a administração do hospital, visto que as pacientes já estavam sob tratamento no Brasil, e a desigualdade de acesso ao medicamento em Portugal foi questionada. A tensão é agravada pelo desaparecimento de uma carta dos médicos expressando a sua indignação e dos registos hospitalares das crianças.
O Hospital de Santa Maria anunciou a realização de uma auditoria para esclarecer a cadeia de eventos e decisões relativas à admissão e tratamento das gémeas brasileiras.