Amadeu Portilha, presidente da Associação Portuguesa de Gestão de Desporto, revela o desejo de algumas câmaras por causa das dívidas contraídas com a construção dos estádios do Euro”2004.
Dez anos depois da realização do Euro”2004, a prova deixou muito mais do que uma amarga recordação da derrota com a Grécia na final – o peso da herança traduz-se igualmente nos custos que alguns dos estádios construídos para a competição continuam a ter para as respetivas câmaras municipais e, em última análise, para os contribuintes. “Algumas câmaras gostariam de implodir os estádios por causa das dívidas”, atira Amadeu Portilha, presidente da Associação Portuguesa de Gestão de Desporto (APOGESD), que hoje e amanhã leva a cabo, na Maia, o seu XV Congresso Nacional.
“Muitos desses estádios estão desprovidos de utilização desportiva e de outras”, acrescenta aquele dirigente ainda a propósito dos estádios do Europeu. “Tenho noção de que [a construção] foi uma imposição da UEFA, mas o tempo deu razão aos que disseram ter sido um exagero. Os custos causaram dificuldades aos clubes e às câmaras municipais”, sublinha. “Não vamos resolver nada, mas pretendemos abrir a porta para o que poderá ser o futuro dessas instalações desportivas”, resume.
A racionalização das infraestruturas desportivas é um dos temas fortes deste congresso bem como da própria APOGESD, cujo presidente destaca o facto de Portugal “ter passado de não ter instalações desportivas para tê-las mas mal utilizadas”. E, nas palavras de Amadeu Portilha, “o país não acompanhou a mudança de paradigma da prática desportiva, de uma prática coletiva para uma individual e informal”.
Os Centros de Alto Rendimento são uma questão mais atual do que os estádios do Euro”2004 que irá igualmente a debate. Na página da Fundação do Desporto na internet pode constatar-se que em Portugal, entre as que já funcionam e as projetadas, há uma dúzia destas estruturas. “Tenho sérias dúvidas que tenham repercussão na performance desportiva do país, tanto pela localização como pela forma de gestão”, refere Portilha, que mais do que dar respostas pretende levantar questões. A este propósito, lança dois exemplos: “Vai ser construído um Centro de Alto Rendimento de ténis no Jamor, mas o João Sousa, que é o melhor tenista português de sempre e chegou a 34º do ranking mundial, fez-se em Barcelona; o Rui Bragança é campeão europeu de taekwondo, modalidade que não tem nenhum Centro de Alto Rendimento.”
Fonte: ojogo.pt