A nacionalização da Efacec, seguida da sua venda ao fundo alemão Mutares, pode custar ao Estado mais de 500 milhões de euros, segundo uma auditoria preliminar do Tribunal de Contas que aponta para um possível aumento dos encargos em cerca de 80 milhões de euros.
O Estado poderá enfrentar um custo superior a 500 milhões de euros devido à intervenção na Efacec, empresa do setor industrial que foi nacionalizada pelo governo de António Costa e posteriormente vendida ao fundo alemão Mutares. Segundo um relatório preliminar do Tribunal de Contas, citado pelo jornal Observador, a nacionalização já representou um encargo de 484 milhões de euros até à sua privatização em outubro de 2023, e o montante pode aumentar em mais 80 milhões devido a responsabilidades contingentes assumidas pela Parpública, a holding estatal envolvida no processo.
A auditoria revela que os objetivos inicialmente traçados com a nacionalização não foram cumpridos e que a maior parte do apoio financeiro, cerca de 445 milhões de euros, foi providenciada pela Parpública. O Banco Português do Fomento também participou com um financiamento de 35 milhões de euros.
Após a venda da Efacec ao fundo Mutares, o Estado acordou uma operação de recapitalização, conhecida como operação harmónio, onde o capital social da empresa foi inicialmente reduzido a zero e depois aumentado para 300 milhões de euros. A Mutares investiu apenas 15 milhões de euros, enquanto a Parpública contribuiu com 209,45 milhões, acrescidos de mais 75,54 milhões através de uma nova emissão de ações. O Banco de Fomento adquiriu ainda 35 milhões de euros em obrigações convertíveis.
Apesar da venda, o custo total da intervenção estatal continua a aumentar, e o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, mostrou-se preocupado com o impacto financeiro nas contas públicas. O governante salientou que o valor gasto é “muito dinheiro” e que será necessário um “debate público sério e atento” sobre as decisões tomadas durante o processo de nacionalização e privatização da Efacec.