Estamos no início da sexta extinção em massa. Por dia extinguem-se duzentas espécies, sendo que a taxa de extinção natural está entre mil a dez mil vezes mais elevada do que a considerada normal.
As alterações climáticas são uma das maiores ameaças ambientais, sociais e económicas que a humanidade enfrenta actualmente, e aqui jaz o busílis da questão. A humanidade está em risco! A espécie humana poderá, se nada for feito, fazer parte das duzentas espécies que diariamente desaparecem.
Neste momento somos detentores e conhecedores de toda a informação científica que identifica a problemática e aponta soluções, sendo que estas têm que ser imediatas!
Trata-se de um problema global que obriga a ações e opções em todos os níveis de tomada de decisão: desde a nível local e comunitário ao nível internacional, envolvendo todas as estruturas da sociedade. Cada um de nós terá de optar em ser parte da solução ou continuar a ser parte do problema.
Engane-se quem pensa que este é um problema que os Estados só por si resolvem. Não, não é assim! É urgente que todos tenhamos noção que o ponto de retorno está no limo, que se nada for feito hoje, o amanhã será o espelho de guerras por recursos, vagas de refugiados, doenças, violência, escassez de alimentos. Os sinais estão aí para quem os quiser ver e nós individualmente temos um papel fundamental neste processo de mudança.
Estamos preparados para isto? Estamos preparados para mudar os nossos hábitos diários? Julgo que não. Primeiro porque não queremos, achamos que o problema é dos outros e que por aqui estaremos sempre seguros.
Como diz a jovem Greta Thunberg: “A nossa casa está a arder”, e temos que agir de imediato.
Esqueçam todos os discursos que referem a necessidade de salvar o Planeta. O Planeta não precisa de ser salvo. O Planeta, segundo a teoria de Gaia, é um organismo dinâmico que desenvolve a sua autorregulação, devolvendo dessa forma a respectiva reação à ação humana a que está exposto. O planeta está a responder extinguindo espécies diariamente, aniquilando habitats e a adaptar-se aos ataques. O Planeta continuará a existir, originando novas eras que se sucederão a todas as outras que hoje temos conhecimento. Se nada for feito, a raça humana será apenas mais uma espécie que se extinguirá na dinâmica de um planeta sempre em evolução. Precisamos de salvar a nossa espécie!
Hoje chegamos ao limite! Temos efetivamente que sair da nossa zona de conforto e agir proactivamente. Não bastam discursos redondos, mais ou menos extremistas, mais ou menos modernos. Chega de palavras, precisamos de ações concretas, como sejam a urgente desaceleração do ritmo consumista a que nos temos sujeitado e que temos inclusivamente fomentado. Temos que mudar os nossos hábitos individuais e encontrar novas estratégias sustentáveis.
Reafirmo: Não se trata de salvar o planeta! Ele não precisa de ser salvo! Trata-se de nos salvarmos, se assim o quisermos! Afinal, nos primórdios do tempo, nós nem existíamos e tudo parecia correr bem.
Patrícia Sá Carneiro