Que me desculpem os mais aficionados socialistas, mas não é admissível que António Costa esteja quatro anos sem visitar a Maia e que, quando finalmente o faz, seja para discursar em campanha e quase sem falar sobre o futuro do concelho. Em 15 minutos de discurso no comício do PS, Costa fez apenas uma referência à Estrada Nacional 14. É poucochinho. Na Maia não é assim que funciona.
O secretário-geral do PS tirou uns dias para sair de Lisboa e correr o país em campanha pelo partido. Não percorrer, mas correr. O antigo presidente da Câmara de Lisboa programou apenas um dia para fazer campanha em todo o Distrito do Porto. No domingo, dia 19 de setembro, percorreu e discursou no Marco de Canaveses, em Penafiel, Valongo, Maia, Matosinhos, Gondomar e em Vila Nova de Gaia. Uma correria. Já no dia 17 tinha feito a viagem de Lisboa a Faro em apenas uma hora e meia. Continuamos a ter políticos que tentam voar em automóveis e a dar um mau exemplo a um país que tem graves problemas de sinistralidade rodoviária.
No meio da correria, entre a viagem de Famalicão a Matosinhos, Costa passou pela Maia e, ou não conhece o município, ou passou pelo concelho só para fazer campanha pelo PSD. Sim, pelo PSD. A avaliar pelo discurso, para Costa está tudo bem. Não admira que um militante socialista tenha demonstrado o seu desagrado durante a intervenção. Apontava o militante que estava a assistir a um discurso sobre o governo e nada sobre a Maia.
Não posso aceitar que António Costa venha à Maia e não fale da ligação do Metro, das assimétricas e injustas ex-SCUTS ou da falta de meios dos agentes de segurança, matéria onde tanto regozija o ministro Cabrita. Não é menos estranho ouvir Costa elogiar o candidato socialista por querer apostar na modernização e desenvolvimento dos centros de saúde do concelho, quando já é público que serão construídas três novas unidades: em Moreira, Milheirós e na zona de Folgosa, Silva Escura e S. Pedro Fins. Será ainda construído um Parque de Saúde Pública que albergará a Delegação de Saúde, o ACES Maia-Valongo e uma Unidade de Saúde Familiar. Estas obras serão realizadas com dinheiro transferido pela União Europeia ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), conhecido como a Bazuca Europeia. Percebe-se que o candidato do PS queira angariar votos, mas o senhor primeiro-ministro tem a certeza que conhece a Maia? Não parece. Ou será o peso político do candidato à Câmara Municipal que nem mereceu que Costa falasse da Maia?
Costa governa a partir de Lisboa e está distante do país. Não é uma presença a correr em período eleitoral que muda esta perceção. Nem sequer o acenar com o dinheiro da União Europeia faz esquecer o que se passa no país real.
Costa não é o único culpado, mas representa muito bem a principal razão da elevadíssima centralização do país em Lisboa e do abandono do interior e de tantos concelhos de norte a sul. Costa não é o único, mas personifica o político que há muito vive numa bolha e está desconectado do resto do país.
Correr o país a alta velocidade para falar sobre o PRR é poucochinho para um primeiro-ministro. É preciso muito mais.
Aldo Maia