As Juntas de Freguesia ajudam mensalmente centenas de pessoas carenciadas. Fomos conhecer este importante trabalho na Cidade da Maia.
O apoio alimentar é a principal preocupação da Junta e, nesse sentido, são entregues milhares de alimentos às famílias que mais precisam.
O NOTÍCIAS MAIA falou com Olga Freire, Presidente da Junta de Freguesia Cidade da Maia, para ficar a conhecer todo este trabalho que ajuda, mensalmente, centenas de maiatos desta que é a maior freguesia do concelho a nível populacional. São mais de 40 mil pessoas.
Prioridade no Apoio Alimentar
A Presidente Olga Freire não tem dúvidas quando diz que “a atividade mais importante tem a ver com apoio alimentar”. Nesse sentido, a Junta tem uma parceria com o Projeto Re(Criar), da Santa Casa da Misericórdia, que é um centro de apoio à comunidade na prestação de alimentos.
Atualmente, segundo dados da Freguesia, estão inscritos neste programa 87 agregados familiares com 164 pessoas. Este apoio consiste na entrega mensal de cabazes de alimentos. Destas famílias, 16 correspondem a entregas ao domicílio pela situação de pandemia que vivemos. No caso, tratam-se de pessoas idosas que pertencem aos grupos de risco.
A estes 87 agregados juntam-se agora 11 famílias num programa de apoio alimentar ainda mais completo. Este Programa Operacional de Apoio às Pessoas mais Carenciadas é relativamente recente e disponibiliza um cabaz mais completo, com mais produtos frescos.
“Ninguém chega aqui e recebe logo um cabaz”
Sobre a verificação da necessidade das pessoas que pedem ajuda, a Junta garante que “ninguém chega aqui e recebe logo um cabaz” e que existe “um trabalho para entender a situação das pessoas” onde, muitas vezes, se vai a casa dos maiatos para conhecer a sua realidade.
Esta Junta de Freguesia não tem divulgado muito este trabalho de ação social porque pensa que é preciso “ter algum recato na matéria”.
“Estamos disponíveis para quem precisar e queremos que as pessoas saibam que aqui estamos”, completa a presidente.
Trabalho em comunidade
A Presidente Olga Freire acredita que a ação social deve ser sempre feita em comunidade. Desta forma, é possível chegar a mais pessoas e de forma mais eficiente.
Além deste trabalho da Junta de Freguesia, há entidades como os Vicentinos que vão fazendo também um trabalho neste âmbito junto da comunidade.
Por vezes, existem também entidades privadas e organizações que fazem doações. Neste sentido, para que haja transparência e que não existam dúvidas de como este dinheiro é utilizado, a Presidente garante que “as instalações estão abertas e as pessoas podem ir ver o que fazemos”.
Pandemia trouxe mais pedidos de ajuda
O período de confinamento obrigou a que as famílias ficassem mais tempo em casa e, necessariamente, a fazer mais refeições no domicilio. Exemplo disso são os meninos que costumavam comer nas escolas e que passaram a comer em casa. Mesmo tendo sido mantida a alimentação nas escolas do pré-escolar e no 1º ciclo, as famílias deixaram de ir buscar a comida. Sobre o porquê dessa não comparência, a Presidente entende que “algumas famílias não vieram por vergonha”.
“São situações complicadas e temos de pensar sempre que hoje são os outros e amanhã podemos ser nós”, afirma.
“Todas as famílias recebem respostas”, garante Olga Freire, apontando que quando a Junta não consegue ajudar, encaminha para o Centro Comunitário ou para a Cruz Vermelha da Maia.
“Quem dá, recebe”
A Junta de Freguesia, a par de todos os projetos de parceria, tem uma valência de SOS Alimentar. Este é um serviço exclusivo da freguesia que não tem que ver com nenhuma entidade e “serve para fazer chegar alimentos às pessoas numa situação de emergência”.
A Presidente explica que “é um serviço pontual e acontece sempre que a Junta tem conhecimento de um caso de emergência”. Estes casos podem também ser referenciados pelo Gabinete de Apoio Integrado Local (GAIL) ou do GIP (Gabinete de Inserção Profissional).
“Decidimos desafiar as escolas, em especial do pré-escolar, para que, na época baixa do Jardim Zoológico, com a Campanha “Quem dá, recebe”, fizessem uma visita ao Zoo em troca de um bem alimentar”. Com este programa, junta-se a solidariedade à “empatia e à educação para a cidadania” e angariam-se os alimentos para este SOS.
Olga Freire explica que, graças a este e outros projetos, “até hoje não foi preciso gastar dinheiro da Junta para ter alimentos neste SOS Alimentar” mas que “se for preciso, garanto-te que ninguém vai passar fome”.
Ação Social além do Apoio Alimentar
Apesar do apoio alimentar ser a prioridade da Freguesia, a Cidade da Maia tem também outros serviços de apoio à população mais carenciada. Existe um banco de calçado e de roupa onde as pessoas podem trocar o que já não precisam pelo que precisam. A única condição é que a roupa esteja lavada e tratada.
Também são feitas consultas no âmbito da Psicologia. Entre os meses de julho, agosto e setembro, foram feitas 169 consultas presenciais, sendo que estes utentes chegam até este serviço tanto por terem conhecimento da sua existência, mas também porque vêm referenciadas pelo GAIL, pelo GIP e pelas escolas.
Vamos até si
Este é mais um serviço direcionado principalmente aos mais velhos. Este “Vamos até si”, trata-se de uma ajuda pontual que foi criada para pessoas que, por algum motivo, não podiam fazer determinadas deslocações.
Não é necessariamente um serviço para pessoas carenciadas, até porque há serviços pagos, mas inclui ações como o transporte de quem não possa deslocar-se a um banco, aos CTT, à farmácia ou que esteja em tratamentos oncológicos e precise de ir ao IPO regularmente.
A Junta vai buscar a pessoa e leva-a onde ela precise. Naturalmente há também um trabalho para verificar se a pessoa realmente precisa desta ajuda.