A empreitada de alargamento de duas para quatro faixas de rodagem em cada sentido entre Águas Santas, na Maia, e Ermesinde, em Valongo, vão custar mais de 41 milhões de euros e prolongar-se até 2017.
Os trabalhos de duplicação de duas para quatro vias do sublanço da auto-estrada entre Águas Santas, na Maia, e Ermesinde, em Valongo, vão começar a ver-se no terreno durante as próximas semanas, e implicam a construção de uma nova galeria subterrânea localizada a norte das duas galerias actualmente existentes.
A empreitada vai fazer-se em duas fases e implicar à Brisa, a empresa que detém a concessão da auto-estrada que liga Porto a Amarante (A4) um investimento superior a 40 milhões de euros.
A componente mais onerosa da empreitada não é, contudo, a construção do próprio túnel — e que está orçado em 13,5 milhões de euros e tem prazo de conclusão previsto para Maio de 2017. É, antes, o alargamento do lanço até Ermesinde, cujo concurso para a construção vai apenas agora ser lançado, e que vai implicar um investimento de 21,6 milhões de euros, contabilizados todos os custos de expropriação de terrenos, construção de novas infra-estruturas e arruamentos, relocalização de uma escola básica e realojamento de uma pequena comunidade de etnia cigana que deverá estrear as casas que foram construídas para o efeito, na rua das Coriscas, na mesma freguesia.
Os trabalhos já começaram e vão prolongar-se até Setembro de 2018. Quando todas as obras estiverem concluídas, o tráfego entre Amarante e Porto vai passar no novo túnel que vai ser construído, com quatro faixas, e o trânsito no sentido inverso vai ser canalizado pelas duas galerias existentes. Estas também vão ser alvo de reabilitação.
“Foi um trabalho intenso e profícuo. Estamos todos de parabéns e devemos agradecer à Brisa a paciência que teve connosco, e as soluções que todos juntos conseguimos encontrar. A população da Granja, que há 20 anos foi dividida por um muro, verá agora ali nascer uma nova centralidade”, disse ontem Bragança Fernandes, o presidente da Câmara da Maia, numa sessão pública de esclarecimento, onde administradores e técnicos da Brisa apresentaram publicamente os trabalhos que vão afectar os moradores mas também os mais de 60 mil condutores que atravessam diariamente o túnel.
O alargamento da capacidade da auto-estrada decorre do próprio contrato de concessão da Brisa e é uma obrigação a que ficou sujeita já desde 2009, altura em que os níveis de tráfego começaram a atingir esses limites. A complexidade da obra, decorrente da densa malha urbana em que está inserida, ajuda a explicar as razões porque o processo demorou tanto tempo — o estudo prévio do novo túnel foi remetido ao Instituto de Mobilidade Terrestre já em Outubro de 2009. Manuel Lamego, administrador da Brisa, avisou que até o processo ficar concluído deverá levar ainda mais três anos. “Pela experiência acumulada da Brisa, temos todos os impactos previstos e vão ser minimizados. Mas é natural que surjam alguns incómodos, até porque os trabalhos vão decorrer sempre sem interrupções de trânsito”, afirmou.
Novo túnel em 2017
De acordo com cronograma da obra, a construção do novo túnel propriamente dito — e que depois da empreitada concluída vai acomodar todo o trânsito entre Amarante e Porto — vai terminar até ao fim do primeiro semestre de 2017. Na segunda metade de 2016 começam os trabalhos de alargamento e beneficiação do sublanço até Ermesinde, e vão implicar um redesenho dos acessos às áreas de serviço, e a activação do chamado viaduto da Granja, uma obra prevista desde 1988, concluída desde 1995, e que está abandonada, e sem uso, desde então. A reabilitação daquele que vai passar a ser o túnel central (e por onde hoje em dia passa o transito Amarante-Porto), vai ser feita no segundo semestre de 2017, e a reabilitação do túnel sul decorrerá durante o primeiro semestre de 2018.
Este cronograma foi apresentado numa concorrida sessão de esclarecimento que teve lugar no salão nobre da câmara da Maia, onde moradores, autarcas, representantes de instituições públicas e privadas ouviram da voz dos administradores e técnicos da Brisa, e dos presidente e vice-presidente da Câmara da Maia as explicações, possíveis, do que deverão ser os próximos três anos. A Brisa teve de declinar a sugestão de ser feita uma nova saída para a freguesia de Águas Santas, propriamente dita, para tentar dessa forma minimizar as filas de trânsito que diariamente se acumulam nas entradas e saídas no nó de Ermesinde. Manuel Lamego lembrou que essas decisões não competem à concessionária pelo que não respondeu ao representante da Associação dos Moradores da Granja, que vaticinou que iria assistir a uma optimização do desperdício: “Alargam-se de duas para quatro faixas, mas as entradas e as saídas são as mesmas”, acusou. E o presidente da Câmara, Bragança Fernandes, comprometeu-se a proceder a uma limpeza profunda dos terrenos onde ainda está instalado um acampamento de 14 famílias de etnia cigana (uma comunidade de 46 pessoas), depois dos vizinhos exortarem a necessidade de fazer alguma coisa com esse espaço, para que não volte a acontecer o mesmo tipo de ocupação. A Brisa avisou que é a Infra-Estruturas de Portugal, a entidade que fica a gerir as parcelas sobrantes dos terrenos expropiados, quem terá de lhes dar um destino.
Fonte: publico.pt