“Caminhar pela Cidade e dar tempo de atenção a tudo o que nos desperta possibilidades, é cultivar o gosto pelo lugar onde se vive. Uma Cidade feliz é um sítio onde, por exemplo, a Arte e a Ciência correm à solta pelas ruas, largos, praças e jardins. E calcorrear os campos dos arrabaldes ou subir os rios e deixar-se tomar pela maravilha misteriosa da vida natural, raiz seminal dos parques e jardins. E ir ver o Céu à noite para fazer as perguntas mais difíceis, cujas respostas estão mais escondidas dentro de nós. E, assim, fora de portas, deixarmo-nos tomar pelo assalto da surpresa, da dúvida e do deslumbramento que nunca jamais algum “Fortnite”, mesmo com um muito evoluído software imersivo, substituirá” – estas palavras estão escritas por José Carlos Portugal – Arquiteto e Consultor do Município da Maia, na Revista “terramaia # 5”, de julho do corrente ano e que é o oposto ao artigo “A Boa Vida, o Rio Leça e a Biofilia”, de Artur Ferreira Branco, Engenheiro do Ambiente, dado que existe uma confusão neste artigo entre “Boa Vida” e “Vida Boa”. Enquanto o primeiro artigo nos conduz para uma “cidade feliz”, que concordo, o segundo não entende assim, porque a “cidade feliz” é o oposto à “Boa Vida”, o autor confundiu com “Vida Boa”, ou não sabe o que tal é!
Mas o fundamental deste meu texto não é entrar em considerações sobre a referida revista – só que tenho de deixar a minha discordância -, mas deter-me naquilo que o autor do artigo refere sobre a cidade feliz, e olhar para a terra de onde vivo – Vila Nova da Telha – e considerar que a afirmação “correm à solta pelas ruas, largos, praças e jardins” é o contrário desta freguesia. Vila Nova da Telha não é “uma freguesia diferente” no sentido de “porque o futuro será sorridente”, é sim uma “freguesia diferente” porque é difícil viver em Vila Nova da Telha e ninguém corre “pela maravilha misteriosa da vida natural, raiz seminal dos parques e jardins”. Já não falo pela ineficiente capacidade de estar de uma forma cultural, raiz de toda a sustentabilidade, mas de coisas do comum das pessoas; e não será pelo “esforço” de questionáveis artistas do “fado” ou das “noites brancas”, que a cultura do nosso povo se encaminha para a “felicidade” ou para a “freguesia feliz” que nos querem fazer crer do caminho para a cultura.
Vamos então a factos, porque é deles que se trata. Existem três parques ditos “infantis” que, infelizmente, não o são. O de Quires com as suas cordas, não é para uma criança de um ou dois anos, nem mais, mas para adultos ou adolescentes. O da fica perto da Junta, é ineficaz. O de junto à estação do metro, embora tenha mais equipamentos, não pode uma criança brincar. Nos três onde estão as árvores que deem uma pequena sombra para o sol? Onde estão os equipamentos de brincar? Brincar é muito sério, conduz à felicidade. Reconheço que existem todas as condições no parque para os cãezinhos, e é bom a sua existência. Agora para as crianças mais pequenas ou maiorzitas é que não vejo. E os senhores/as da Junta de Freguesia pensam que o presente e o futuro não são das crianças, não são dos bebés? Como querem que Vila Nova da Telha crie os seus bebés ou crianças atirando-as para outras freguesias? Saibam que “cultivar o gosto pelo lugar onde se vive” se começa por os bebés ou crianças e olhem aprendam o que é um “Parque Infantil”, leiam a primeira parte deste texto! Onde estão os parques infantis em Vila Nova da Telha?
Joaquim Armindo
Doutor em Ecologia e Saúde Ambiental