A ONG Ajuda em Ação alerta para o impacto dos conflitos em Cabo Delgado no futuro das muitas crianças com quem trabalha.
A Organização Não Governamental Ajuda em Ação, juntamente com as autoridades locais, a UNICEF, o UNHCR/ACNUR e a Organização Internacional para as Migrações (OIM), está a apoiar mais de 10 mil famílias deslocadas, incluindo 34 mil crianças e jovens, no distrito de Metuge, na região de Cabo Delgado, Moçambique.
A escalada do conflito armado em Cabo Delgado obrigou milhares de pessoas a fugirem das suas casas, “só com a roupa que levavam no corpo, em busca de um abrigo seguro, longe da violência”, descreve a Ajuda em Ação empenhada em “dar abrigo, acesso a água e saneamento básico, educação e proteção às vítimas de violência”.
No Dia Internacional da Criança Africana, celebrado a 16 de junho, a ONG alerta para o impacto da situação de conflito no futuro das muitas crianças que apoia. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), num dos seus últimos relatórios, existem, entre a população deslocada, 1.410 crianças separadas das suas famílias.
“Cerca de 46% são crianças e jovens, vítimas deste conflito armado, que, por vezes, acabam por se perder das suas famílias no momento dos ataques e chegam sozinhos, desorientados e com medo, depois de terem caminhado a pé durante dias a fio ou de viajarem em autocarros locais lotados de deslocados ou em transportes aéreos que os retiraram das zonas de conflito”, detalha a organização Ajuda em Ação.
As crianças são acolhidas em campos de deslocados ou famílias anfitriãs, mas o alívio da chegada para muitos levanta “consequências graves para os já escassos recursos” de outros, alerta o diretor regional do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados na África Austral, Valentín Tapsoba.
No distrito de Metuge, devido ao crescimento do fluxo de deslocados, a Ajuda em Ação, juntamente com as autoridades locais, a OIM e o ACNUR, lançaram uma resposta de emergência humanitária para construir abrigo para mais de 10 mil famílias deslocadas e apoiá-las na reconstrução da sua vida.
“Mas as necessidades vão muito além de abrigo e segurança. Especialmente no caso das crianças que precisam de assistência alimentar e médica, apoio psicológico, formação educativa e ferramentas que lhes permitam construir e idealizar um futuro melhor, distante da violência que conheceram nestes últimos anos e que terá um grande impacto a longo prazo na sua vida, embora ainda difícil de avaliar, alerta a ONG, neste Dia da Criança Africana.