Henedina Antunes, pediatra e investigadora da Universidade do Minho, alerta para os riscos associados à prescrição excessiva de antibióticos em crianças, incluindo resistência a medicamentos e problemas de saúde futuros.
Em vésperas do Dia Europeu do Antibiótico, a pediatra Henedina Antunes, do Hospital de Braga e professora da Universidade do Minho, chama a atenção para um problema crescente: a prescrição excessiva de antibióticos em crianças. Segundo a especialista, tal prática pode acarretar sérios riscos para a saúde a longo prazo, incluindo o desenvolvimento de resistência aos antibióticos e o aumento de doenças autoimunes, alérgicas e obesidade.
A médica e investigadora explica que muitas das infeções comuns na infância são causadas por vírus, não necessitando de tratamento com antibióticos. A administração desses medicamentos deve ser criteriosa, especialmente em casos de febre alta em crianças menores de três meses, onde é fundamental a realização de exames para evitar prescrições desnecessárias.
Além disso, Antunes salienta que, mesmo quando necessário, o uso de antibióticos pode desencadear efeitos secundários, como diarreia, recomendando a associação de probióticos para apoiar a recuperação da microbiota intestinal. A médica observa ainda que, em casos de gastrenterite aguda, os antibióticos só devem ser utilizados em circunstâncias específicas, como infecções por Campylobacter jejuni.
Com a chegada do inverno, a procura por assistência médica para doenças típicas da estação aumenta. Antunes nota que, apesar da pressão por parte de alguns pais, muitos já preferem tratamentos alternativos, como o paracetamol para febre, em vez de antibióticos, que são ineficazes contra infeções virais.
A pediatra alerta ainda para o risco global do uso inadequado de antibióticos, que pode levar à resistência antimicrobiana e prejudicar a disponibilidade de tratamentos eficazes para infeções bacterianas graves. Aponta para estudos que correlacionam o uso excessivo de antibióticos a um aumento de problemas digestivos e doenças autoimunes em crianças.
Como medida preventiva, Antunes sugere que as crianças devem ter mais contato com a natureza, afirmando que, se fosse ministra da saúde, incentivaria a introdução de terra e plantas em todos os infantários. Essa exposição, segundo ela, é vital para o desenvolvimento de uma microbiota saudável.
Além disso, a especialista ressalta a importância da amamentação exclusiva até os seis meses de vida e a necessidade de uma dieta equilibrada, rica em cálcio, para a prevenção de doenças futuras, como a osteoporose.
Por fim, Henedina Antunes reforça a importância das vacinas, especialmente no contexto da prevenção de doenças graves como a meningite bacteriana. Ela menciona o papel crucial do Biocodex Microbiota Institute, uma plataforma internacional sobre microbiota humana, na disseminação de conhecimentos e avanços científicos nesta área.