1.- o pedro baptista sempre foi um lutador. da foz do douro ao grito do povo e ocmlp. daqui à sua vida agora pela china que tanto admira. conheci o pedro nos fins dos anos sessenta. lembro-me da sua raiva contra a polícia de choque na antiga faculdade de ciências. era na praça dos leões. o pedro não fugia. combatia ao lado de todos. às tantas o pedro estava sozinho na frente. mas sempre a lutar. lutava sempre pelos outros. pouco se preocupava consigo. arrancava os torrões de terra e pedras para atirar à polícia. não tínhamos outras armas. mas se as tivéssemos o pedro não as usaria. tenho a certeza. o pedro é de paz. não é aventureiro. nunca quis a guerra. o pedro era feroz. o seu discurso não continha qualquer subserviência. num tempo em que a força mais organizada era o partido comunista o pedro era livre. dava gosto ouvir o que dizia nos plenários. que se chamavam reuniões gerais de estudantes. o pedro era um líder que se preocupava com cada um de nós. fiquei com muita admiração com o pedro baptista. embora não tivéssemos um diálogo pessoal longo.
2.- encontrei o pedro depois numa campanha eleitoral do partido socialista. foi na feira de pedras rubas. na maia. não parecia muito convencido daquilo que estava a fazer. era o pedro de outrora. nada submisso. escreveu livros. e creio que ainda escreve. até livros para crianças. o pedro foi professor de filosofia. acabei de ler os seus últimos dois livros. creio que são os últimos e que ainda nenhum apareceu mais. editados pela afrontamento. esta editora sempre editou e edita livros com uma atualidade forte. os dois livros do pedro somam quase mil páginas. o primeiro tem como título “da foz velha a´o grito do povo” e o segundo “da revolução gorada aos desafios do presente”. os dois livros lêem-se muito bem.
3.- não são propriamente uma autobiografia. embora contem muito a história de vida do pedro baptista. eles vão fazer parte da nossa história. não só pelas revelações feitas de muitas individualidades políticas que hoje vemos por aí. mas também pela capacidade de registar no tempo o que se passava em portugal. não são uma cartilha. mas uma boa fonte informativa. mas não só. também formativa. em cada uma das suas páginas o pedro faz uma abordagem teórica. quem lucra somos nós. os leitores. por isso sem ser uma cartilha é um bom livro para o debate. lembro-me que em determinada altura fala dos exames nos vários graus de ensino. não é a favor dos exames. mas contra. explica porquê. e tem razão. são assim dois livros que dão que pensar. de cada linha sai sumo. nada está a mais.
4.- escreve sobre a sua prisão em angola. a sua vida na foz do douro. as traições de que foi vítima. a forma como soube lidar com todas. para a história política de portugal e do porto e do norte. frisa muito bem como apareceu o partido do norte. como ele queria servir a sua região. nestes livros de esperança pedro lança pontes do futuro. aprende com o passado e prospetiva o futuro. se o pedro não escrevesse estes dois livros ficaríamos mais pobres. ele trabalha as ideias e dá força ao futuro. vale a pena ler estes livros. são livros de uso diário. pela história. pela reflexão. pelo diálogo. pela aprendizagem. pena tenho que não se debruçasse mais sobre o papel da igreja. disso tenho pena. fora tal o pedro prestou um bom serviço. esperemos por mais pedro baptista. pela luta. pela amizade. obrigado pedro.
Joaquim Armindo
Doutorando em Ecologia e Saúde Ambiental