Em boa verdade o momento político que Portugal vive à conta das Legislativas 2015, apesar de histórico e de soberba importância, não é completamente inédito. Já na nossa jovem República encontramos antes um PSD vencedor sem maioria no parlamento, e um PS que tentou formar governo depois de ter perdido as eleições. Não é sequer a primeira vez que Cavaco Silva está envolvido numa decisão com estes pressupostos, sendo que na altura era Mário Soares o Presidente da República, e nem é sequer verdade que a Constituição seja clara nesta matéria da maioria parlamentar, como afirmou Mariana Mortágua, e como Mário Soares bem atuou quando foi chamado a atuar.
Em 1987 o PS apresentou ao Presidente da República uma possibilidade de Governo, coligado com o PRD, e com o apoio parlamentar do PCP. Uma maioria parlamentar para derrubar o governo de Cavaco Silva, na altura em minoria. Coube a Mário Soares o então Presidente da República, fazer a escolha, ou convocar eleições ou assegurar que a coligação apresentada pelo PS governava, garantindo estabilidade ao país através da maioria parlamentar. O histórico Socialista, Mário Soares, considerou o acordo que o PS apresentou como sendo “nefasto para o país” e “contranatura”, e convocou eleições.
Ao BE cabe por isso a pergunta, em 1987 a Constituição da República Portuguesa era assim tão diferente, Mário Soares tomou uma decisão não constitucional para fazer um favor à Direita, ou na Democracia governa quem o povo quer?
Desta tentativa de assalto ao poder pela Esquerda, resultou que Cavaco arrancou duas maiorias absolutas. Não admira assim que o atual Presidente da República seja tão odiado pelas hostes que lhe fazem oposição. Ainda mais considerando que Cavaco está novamente no centro da decisão de um dos momentos mais importantes da Democracia Portuguesa, sendo que do outro lado da barricada, tendo a responsabilidade e o poder de decidir.
Numa sintética análise consideremos a família política de que provém Cavaco Silva, o seu historial enquanto figura de Estado, as decisões que tomou enquanto Primeiro Ministro e Presidente da República, e as batalhas que travou com a Esquerda, a tal que se coligou para derrubar o seu governo em 1987, e que precisamente agora depois de ter perdido as eleições, se apresenta como possível governo, para impedir que Pedro Passos Coelho seja empossado Primeiro Ministro. Consideremos também que a coligação de Esquerda é formada por três Partidos que se gladiaram há poucos dias durante a campanha, pela vontade de sobrevivência política de António Costa, pela fome de poder do Bloco de Esquerda, e pelos habituais dogmas do Partido Comunista, e quase conseguimos adivinhar quem será convidado a formar governo.
À hora que escrevo ainda não se conhece a decisão, mas ou o Presidente que os Portugueses elegeram para os últimos dois mandatos deixou de ser quem é e sempre foi, ou posso arriscar escrever que o próximo Primeiro Ministro será – como espero – Pedro Passos Coelho, obviamente!
Aldo Maia
2 comentários
por 1 semana, cairá numa moção de sensura pela maioria da Assembleia da República e o Sr.Silva vai ter de gramar um governo de esquerda..boas noites e bem estar, a vida não é só governos!
É uma possibilidade, entre várias outras. A ver vamos.
Obrigado pela preferência. Abraço.