O CICCOPN tem um papel importante na formação e integração de milhares de pessoas. Para manter a oferta, adaptou-se à formação à distância e anunciou ainda um ciclo de webinários gratuitos. O NOTÍCIAS MAIA falou com Rui Valente, diretor do centro.
Notícias Maia (NM): Começamos pelo presente. Na última semana de abril recomeçaram 25 ações de formação à distância. Como está a ser encarada esta solução?
Rui Valente (RV): Com muito ânimo. Foi um desafio enorme que se colocou ao CICCOPN. De um momento para o outro, foi preciso organizar e preparar todo um novo modelo de formação suportado na formação à distância. Correu com os seus percalços, naturalmente, mas correu bastante bem. A formação retomou quase toda à distância e temos tido um feedback muito positivo, quer das equipas pedagógicas, quer dos formadores, quer dos próprios formandos. Acho que há uma recetividade superior à expetativa relativamente a este modelo.
NM: Esta estratégia de teletrabalho, da formação à distância e do apoio à distância pode ser o futuro, ou é apenas um percalço?
RV: Não, não é um percalço. Aliás, nós pensámos todo este processo de formação à distância já com a perspetiva de futuro. Queremos que este modelo seja um modelo que, no futuro, seja uma oferta permanente do CICCOPN. Provavelmente o que vai acontecer é que iremos ter um sistema híbrido com formações presenciais, formações à distância e uma combinação dos dois. Portanto, queremos que seja um sistema que permaneça porque acreditamos que vai permitir alargar a oferta formativa que temos e abranger mais pessoas.
NM: Se olharmos para a vossa história, o termo “Formação à Distância” surge em 1985. Em que moldes ocorreu?
RV: É verdade. Nessa época não era eu que estava a dirigir o CICCOPN mas recordo-me perfeitamente de, já na altura, o CICCOPN ser uma referência na formação à distância. Foi pioneiro nesse projeto em que desenvolveu um mecanismo de formação, naturalmente não suportado na base da eletrónica e da internet, mas um modelo que permitiu levar a formação profissional a todo o país.
NM: Está a ser pensado um novo Plano de Formação adaptado à situação que o mundo atravessa?
RV: Sim, temos que nos reajustar. Ainda há muitas indefinições e dúvidas do que vai ser o futuro próximo. Mas uma coisa é certa, temos de nos adaptar porque sabemos que a dita normalidade não regressará assim tão brevemente. Portanto, esta formação à distância terá de ser uma resposta e vamos adaptar o nosso plano de formação e as ofertas formativas a esta realidade.
NM: Há data prevista para a inscrição em novas formações?
RV: Queremos ver se ainda em junho já começamos a lançar oferta formativa. Aliás, já estamos a lançar alguma pontual, mas queremos incrementar essa oferta agora no mês de junho. Temos cursos programados para a época de setembro, outubro e novembro, nomeadamente cursos de aprendizagem para jovens, e a intenção é mantê-los. O modelo que irá funcionar será provavelmente de formação híbrida, com sessões presenciais mas também à distância.
NM: Qual é a importância da formação do CICCOPN para quem quer entrar no mercado de trabalho?
RV: Penso que é muito importante. Nós asseguramos a qualificação das pessoas que querem entrar no mercado de trabalho. E este mercado de trabalho modifica-se. Antes da pandemia, o problema do setor da construção civil era a falta de mão-de-obra e nós estávamos a tentar colmatar essa falha com muita dificuldade na captação de pessoas que estivessem interessadas. No tempo atual, eu penso que o cenário se modificou ligeiramente. O setor não foi dos mais fustigado em termos de pandemia mas há aqui alguns fatores a ter em conta. Nomeadamente o regresso de mão-de-obra portuguesa que estava fora do país. Estes trabalhadores estão a ser recrutados para as empresas e essa é uma das áreas que queremos apostar. Aproveitar essas pessoas e proporcionar formação profissional para os poder integrar mais facilmente no mercado de trabalho e, particularmente, no setor da construção civil.
NM: Como é que o CICCOPN está a encarar o futuro próximo?
RV: Com esperança, não podia ser de outra forma! Acreditamos efetivamente que esta situação vai passar, nãos sabemos quando nem como, mas acreditamos que sim. Vamos começar a receber em breve trabalhadores do CICCOPN, cerca de 50%, depois de mais de dois meses de teletrabalho. Gradualmente, no mês de junho, alguns cursos vão retomar atividade presencial e, portanto, queremos que alguma normalidade se vá estabelecendo. Estamos com esperança de que vamos ultrapassar esta dificuldade. Seguiremos em frente.